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Ana Luiza McLaren, fundadora da Enjoei, me recebeu em seu novo escritório de 2.200m² em um edifício único, Copan, um ambiente vibrante e acolhedor que reflete a criatividade e o espírito inovador da marca. Fundada por ele e Tiê Lima, a Enjoei se tornou o maior e-commerce do Brasil, com mais de 15 anos de operação e a recente adição de três lojas em São Paulo, nos bairros de Pinheiros, Campo Belo e. Bela Vista. Respeitosamente, a plataforma já conta com mais de 4 milhões de vendedores, disponibilizou 84,6 milhões de produtos e atrai mais de 4,4 milhões de clientes por meio do site e aplicativo.
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Além disso, em 2023, a Enjoei ampliou seu alcance ao adquirir a Elo7 e a Cresci e Perdi, criando o Grupo Enjoei. O que começou em 2009 como um simples blog de venda de roupas e acessórios de Ana Luiza rapidamente se tornou um modelo de negócio pioneiro no Brasil, um dos primeiros a identificar o potencial do mercado de moda sustentável e o segundo. A liderança da empresa nesse setor fica evidente, graças à sua atuação digital e criativa com serviços como o EnjoeiPro e mais de 900 lojas assinadas por celebridades como Anitta, Preta Gil, Claudia Raia e Sabrina Sato.
Agora, a Enjoei prepara um novo capítulo em sua história: a integração do sucesso digital com as vendas físicas. Nos últimos cinco meses, a marca abriu três lojas em São Paulo e tem planos ambiciosos de abrir 300 franquias nos próximos três anos, conectando o público brasileiro à moda consciente e acessível.
Confira abaixo uma entrevista exclusiva com Ana Luiza McLaren, fundadora da Enjoei.
O Enjoei começou como um blog pessoal em 2009 e hoje é o maior mercado de moda do Brasil. O que você acredita ter sido a chave para esse sucesso de 15 anos?
Deixe-me pensar… Acredito que foi a qualidade da beleza que introduzimos desde o início. No Brasil, ao se considerar um produto usado, sempre se tenta restaurá-lo, chamá-lo de round fashion, de segunda mão, enfim, dar-lhe outro nome, mas, na verdade, é um produto usado. Acho que essa ideia deveria ser mais comum. Desde o início sempre procurei um produto que usasse a natureza, e nosso desafio era como torná-lo bonito e interessante.
Naquela época, a internet no Brasil era quase feita de blogs, lembra? As pessoas escreveram, comentando, foi uma interação pessoal, sem “curtidas” ou interações rápidas. E o comércio eletrónico que existia centrava-se em produtos grandes e eficientes, como frigoríficos e impressoras. Então pensei: “Por que você não cria algo melhor?” É um negócio de comércio eletrônico bom e leve que vende roupas, sapatos e até joias? A Enjoei nasceu dessa vontade de trazer beleza para a internet.
E como foi o processo de criação do Enjoei nessa situação?
O começo não foi muito fácil. Já trabalhei com e-commerce, em empresas como Shoptime, na América, e tenho boa experiência nessa área. Mas não tinha nada parecido com o que eu procurava: um lugar para vender coisas pessoais, como roupas e acessórios de uma forma leve e divertida.
Comecei com um blog, literalmente abri meu armário e acrescentei peças que não usava mais. Tirei fotos, escrevi histórias interessantes sobre cada peça e foi assim que nasceu o Enjoei. Queria que fosse mais que um site de vendas, queria contar uma história. E esse ainda é um diferencial forte no Enjoei: o texto, a história, sempre foi uma parte importante. Até aproveitei parte do meu salário para investir no negócio, embora não saiba exatamente onde isso vai parar. Para mim o mais importante foi o facto deste projeto ter poder e conectar-se com as pessoas de uma forma muito especial.
Essa é a marca registrada do Enjoei, um som confortável e agradável. Como isso aconteceu?
Acredito que isso vem muito da minha personalidade, sempre adorei escrever e brincar com interpretações. Quando comecei a vender minhas peças, queria criar algo mais pessoal, mais envolvente do que apenas colocar um preço. A ideia era quase como criar um romance em torno do jogo, que dá contexto. Além disso, percebi que seria ainda mais divertido se outras pessoas pudessem fazer o mesmo. A Internet sempre foi uma via de mão dupla, não é? Então a ideia de deixar os usuários venderem suas peças e contarem suas histórias foi o que realmente fez do Enjoei uma parceria tão divertida desde o início.
E quanto à interação social? Como foi no começo?
No começo funcionou muito. Postei peças e para comprar ou vender as pessoas mandavam um email para o endereço que criei: “[email protected]” ou “[email protected]”. Recebi e-mails, atuei como ponte entre comprador e vendedor e ajudei na logística. Foi uma loucura! As pessoas enviaram fotos de coisas boas, mas também algumas muito engraçadas. No começo éramos só eu e mais algumas pessoas, mas logo percebi que o volume estava ficando muito grande e tive que começar a pensar em organizar melhor.
E o nome “Enjoei”? Como isso aconteceu?
Ah, o nome era um daqueles pensamentos aleatórios. Um dia olhei para o meu armário, que estava uma bagunça, cheio de roupas que não usava mais. Resolvi tirar tudo, fotografar e colocar no blog, contando a história de cada peça. O nome “Enjoei” surgiu dessa sensação de cansaço daquelas roupas. Gostei muito de escrever sobre eles e o blog começou a crescer rapidamente.
E quando você percebeu que a Enjoei poderia ser uma empresa de verdade?
Acho que foi por volta de 2012, quando percebemos que tínhamos um público fiel e que o blog estava se tornando algo maior. O Enjoei passou a receber muita mídia espontânea e conseguimos matérias em jornais importantes. Foi aí que resolvi oficializar as coisas e mudar o blog para CNPJ. Foi aqui que começamos a formar uma equipe e atuar profissionalmente. Ainda não sabíamos aonde isso nos levaria, mas estava claro que a Enjoei tinha potencial para crescer ainda mais.
Hoje, quais são os principais desafios de administrar sua plataforma?
Um dos maiores desafios é garantir o desempenho financeiro de forma sustentável e eficiente. Operamos com uma taxa de 15 a 20% dentro da plataforma, o que significa que precisamos ter volume suficiente para negociar boas taxas para as mercadorias. O Brasil, por ser um país continental, tem problemas administrativos, mas à medida que crescemos conseguimos negociar melhores tarifas. Por isso, buscamos sempre equilibrar operação, marketing e tecnologia, para garantir que sempre possamos investir.
Estamos nos preparando para anunciar excelentes resultados, o que será um evento importante para a empresa. Comparado ao Mercado Livre, por exemplo, implementamos soluções que permitem uma entrega mais rápida, tornando a experiência do usuário ainda mais satisfatória. Nosso foco continua em manter uma plataforma que valoriza a conexão humana, pois somos uma plataforma que facilita a venda de itens únicos entre pessoas.
Quais são os planos de expansão das lojas físicas?
Temos um projeto de franquia de alto nível, que envolve a gestão de diversas localidades. Quando penso no Enjoei, percebo que é possível conseguir muito, principalmente no Brasil. Estamos começando a vender franquias e planejamos expandir a operação de lojas em todo o Brasil. Isso ajudará a aumentar a visibilidade e o alcance do Enjoei, permitindo que as pessoas descartem suas roupas usadas.
Como funciona o processo de vendas em uma loja física em comparação com um site?
A loja oferece acesso instantâneo a dinheiro. Uma pessoa recebe dinheiro imediatamente, valor inferior ao que receberia se vendesse no site. Por exemplo, uma blusa que custa R$ 300 no site, na loja pode receber, digamos, R$ 80 de imediato. As vendas no site não são rápidas e não há previsão de quando a peça será vendida, além do sistema, que pode sugerir redução no preço. Na loja a produção é imediata, mas baseada num conjunto de peças e não numa única peça.
Qual a diferença entre uma loja e uma loja tradicional?
Muitas pessoas ainda podem se sentir desconfortáveis em ir a uma loja tradicional, pois não sabem como funciona ou onde fica. Porém, a Enjoei tem uma presença moderna e popular, o que facilita a decisão de levar suas peças para a loja. Dessa forma, eles acabam se sentindo mais confortáveis em participar.
Hoje, a Enjoei é um ícone no mercado secundário de moda. Como você vê o futuro desse setor no Brasil?
Acredito que a moda vintage tem um futuro brilhante aqui. As pessoas estão se tornando mais conscientes do uso e do desempenho. O Brasil está crescendo nesse setor, mas já há uma mudança de mentalidade. Nosso objetivo sempre foi contar histórias através dos produtos e proporcionar uma experiência de compra divertida e autêntica. Acho que essa ideia vai continuar crescendo e a Enjoei vai acompanhar essa mudança.
E quais são os próximos passos do Enjoei?
Continue melhorando! Estamos sempre buscando melhorar a experiência do usuário, tanto em termos de usabilidade quanto de qualidade do produto. O objetivo é manter esse equilíbrio entre beleza e funcionalidade e continuar trazendo soluções que ajudem as pessoas a se alimentarem de maneira mais inteligente e consciente.
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