O conceito de “terceira via” ganhou força em 2021, um ano antes das eleições presidenciais, quando foi levantada a possibilidade do surgimento de uma força política capaz de quebrar a polarização no país. No futebol, o Atlético Mineiro ascendeu como o clube que poderia enfrentar Flamengo e Palmeiras. Dono da melhor campanha da Libertadores naquela temporada, o Galo não chegou à decisão por detalhes. Mas venceu o Brasileirão e a Copa do Brasil, deixando Rubro-Negro e Verdão em dificuldades. Em 2022, a sociedade brasileira permanecia dividida, com a energia concentrada em dois pólos opostos. As quatro linhas replicaram o mesmo cenário. O clube carijó perdeu força e, embora seja sempre lembrado pela capacidade financeira, contentou-se com os torneios estaduais. Em 2024, o Botafogo parece ter assumido esse vácuo deixado pelos mineiros. Este é o raio-x mais preciso da época.
O Botafogo diminuiu a distância para Palmeiras e Flamengo apenas no segundo ano de SAF, ou seja, bem antes da previsão do cara mais otimista. Aliás, neste ano, contra os mesmos adversários, o Glorioso registrou quatro vitórias, um empate e uma derrota (o revés aconteceu quando o time, invertebrado, estava em processo de montagem e com resquícios do ano passado). É uma prova concreta de que esta hipótese não se restringe à teoria. Hoje, quem olha para o elenco do Mais Tradicional vê campeão mundial com a Argentina apontado como herdeiro da camisa 10 de Messi, titular do Brasil na última Copa do Mundo, campeão da Copa América com a Amarelinha, quatro convocados para seleções diferentes e jogadores que, enfim, , eles se enquadram na ambição do clube: ganhar taças, algo que esteve longe do universo alvinegro nas últimas três décadas.
Não é apenas dinheiro. Botafogo mostra que tem estratégia no mercado
Com um bom mapeamento batedor O Botafogo manteve a maior vitrine de sua história: R$ 230 milhões, mas com alguns nomes a custo zero, algo ignorado pela decadente imprensa 7 a 1, que pede Fair Play Financeiro apenas quando lhe convém. Acionista majoritário do Botafogo, John Textor tirou o escorpião do bolso e cumpriu a promessa de ser agressivo no mercado. O clube tem condições de levar jogadores importantes das principais ligas europeias, além de Palmeiras e Flamengo. E o mais importante: atendeu três necessidades que nos mantinham acordados à noite, como, aliás, mencionamos nesta coluna. Na lateral direita, com a saída do traidor Suárez, o foguete explodiu na mão de Ponte. Agora, Vitinho, sensação no Campeonato, está na área. Na defesa, Adryelson usa cada vez menos Halter. E, na lateral esquerda, Telles aparece para assumir o comando da posição, mandando Hugo para escanteio e deixando Marçal ou Cuiabano como opções imediatas no banco.
Para desespero dos adversários, desta vez o Botafogo não irá até a reta final da temporada com treinador duplo, com grupo criando picuinhas ou com incógnitas entre os reforços. Ao que tudo indica, a SAF entendeu que o Botafogo perdeu o último título brasileiro por falhas de planejamento e erros que beiravam o amadorismo.
Mentalidade
O clube melhorou o seu jogo com as contratações e com Artur Jorge, treinador da Liga dos Campeões, no comando. Portanto, a torcida do Glorioso deve assumir o dever cívico de ser insuportavelmente crítica. Chegou a hora de ter as mesmas exigências que os torcedores do Flamengo e do Palmeiras têm para com seus times. Em 2024, há críticas justas às arbitragens da CBF. Mas ninguém carregou a hashtag “Contra Tudo e Contra Todos”. Também não ouvimos “estaremos” a cada vitória ou cálculos para saber em que rodada a taça será levantada. A ingenuidade ficou para trás.
*Esta coluna não reflete necessariamente a opinião de Jogada10
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