Christophe ARCHAMBAULT
Duas medalhas de prata em derrotas para os Estados Unidos. Ambas na prorrogação, com Marta em campo. Mas o Brasil e sua ‘rainha’ acreditam que a terceira vez será diferente, com vitória na final olímpica dos Jogos de Paris e, por fim, a medalha de ouro.
A seleção brasileira feminina chegou à capital francesa sem o status de favorita, restando apenas a incógnita de até onde chegaria sob o comando do técnico Arthur Elias, que assumiu o time em setembro do ano passado com a missão de alcançar melhores resultados após a campanha decepcionante na Copa do Mundo.
“Eu sempre disse, desde que assumi a seleção brasileira, externamente, que íamos competir e competir com todo mundo e colocar o Brasil no nível que ele merece. Mas, para o grupo, sempre disse que íamos ser olímpicos. ou campeãs da Copa do Mundo”, disse Elias após a vitória por 4 a 2 sobre a Espanha, atual campeã mundial, nas quartas de final dos Jogos, em Marselha.
Por enquanto, com um futebol intenso e acelerado, o Brasil irá para sua terceira final olímpica no próximo sábado (10), em Paris, contra o mesmo adversário que frustrou o sonho dourado nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008: os Estados Unidos. Estados, que conquistou dois de seus quatro títulos olímpicos sobre a seleção brasileira.
– Revanche? –
A seleção brasileira chega à decisão depois de duas vitórias que dão moral às jogadoras, mesmo com a suspensão de Marta: 1 a 0 sobre a anfitriã França, nas quartas de final, e 4 a 2 sobre as seleções espanholas, nas semifinais.
“Conhecemos a qualidade deles [jogadoras dos EUA]mas também a nossa força, e vamos com tudo”, disse à AFP a atacante Gabi Portilho, artilheira do time no torneio olímpico com dois gols.
As vitórias sobre dois fortes candidatos a medalhas serão o cartão de visita para tentar destronar o renascido ‘Team USA’, da treinadora Emma Hayes.
Sob o comando de Hayes, os americanos se recuperaram do fiasco da Copa do Mundo do ano passado e chegaram à final em Paris com cinco vitórias em cinco jogos.
Mas o confronto desperta os fantasmas do que aconteceu em Atenas e Pequim, na década mais gloriosa do futebol feminino no Brasil. Entre uma final olímpica e o ouro, os brasileiros também foram vice-campeões mundiais em 2007, na China, com derrota para a Alemanha na final.
Dessa geração brilhante, liderada por Formiga, Cristiane e Marta, apenas a camisa 10, de 38 anos, terá chance de vingança.
Considerada a maior jogadora da história, dona de seis prêmios de melhor do mundo, Marta tinha 18 anos quando os Estados Unidos derrotaram o Brasil por 2 a 1 nos acréscimos com gol de Abby Wambach, na final dos Jogos de Atenas.
A atacante foi titular na primeira de suas seis Olimpíadas e peça fundamental ao longo de um torneio em que se consolidou como realidade, após se apresentar ao mundo com três gols na Copa do Mundo de 2003.
Mais maduro, quatro anos depois, voltou a ser titular no jogo da medalha de ouro em Pequim, onde novamente as norte-americanas, treinadas por Pia Sundhage e com Hope Solo na baliza, venceram por 1-0 no prolongamento, golo do médio Carli Lloyd. .
– Um retorno diferente –
A situação é diferente para a briga pelo ouro no Parc des Princes, em Paris.
Embora tenha mostrado que sua visão de jogo está intacta, Marta está no epílogo da carreira e cumpriu suspensão nos dois últimos jogos do time após ser expulsa na derrota por 2 a 0 para a Espanha na última rodada do grupo estágio.
Sem a camisa 10, suas companheiras tiveram suas melhores atuações e dedicaram a classificação à ‘rainha’, que assistiu à vitória na semifinal das arquibancadas do estádio Vélodrome, em Marselha.
Apesar do simbolismo, Arthur Elias não garante que Marta será titular contra os Estados Unidos. Ela está a dois gols de superar a atacante Cristiane (14) como maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos, entre homens e mulheres.
“Espero sair daqui com a medalha de ouro”, disse Gabi Portilho.