Andrej ISAKOVIC
O etíope Tamirat Tola se autoproclamou campeão da maratona olímpica dos Jogos de Paris neste sábado (10), em prova em que o queniano Eliud Kipchoge logo ficou para trás, sem chances de conquistar o terceiro ouro consecutivo, e acabou abandonando.
Tola, que completará 33 anos no domingo, venceu no atípico circuito parisiense com o tempo de 2 horas, 6 minutos e 26 segundos, estabelecendo um novo recorde olímpico. O belga Bashir Abdi cruzou a linha de chegada 21 segundos atrás e ficou com a medalha de prata, enquanto o bronze foi para o queniano Benson Kipruto, que chegou 34 segundos atrás do vencedor.
Mas a imagem simbólica era a de Kipchoge com muitos problemas e até andando. Ele estava longe do grupo da frente e abandonou a corrida após o quilômetro 30, quando já estava 8 minutos e 30 segundos atrás dos líderes. Aplaudido no percurso pelos espectadores, o icônico maratonista queniano entregou seu número, tênis e meias antes de entrar no carro que tira os atletas da prova.
– Sem o 3º ouro consecutivo –
Kipchoge, ex-recordista mundial (2h01m09 em 2022), sonhava em ser o primeiro maratonista a conquistar três medalhas de ouro olímpicas, superando o corredor da Alemanha Oriental Waldemar Cierpinski (olímpico em Montreal-1976 e Moscou-1980) e o etíope Abebe Bikila (Roma-1960 e Tóquio-1964), mas em nenhum momento esteve perto do feito.
Tola foi o herói da manhã ensolarada de Paris. Ele rapidamente passou para a frente do pelotão e mostrou que estava preparado para a maratona, que teve um percurso atípico, com 436 metros de altitude.
A cadeia de altos e baixos de Paris, passando por Versalhes, acabou afetando o desempenho dos corredores, muitos deles habituados a maratonas em terrenos mais planos.
Esta não é a primeira medalha olímpica de Tamirat Tola, que conquistou o bronze nos 10 mil metros nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Na maratona, foi campeão no Mundial 2022, em Eugene, e vice-campeão no Mundial 2017. em Londres.
“Obrigado, Páris!” disse Tola após cruzar a linha de chegada. “Estou muito feliz, fui campeão mundial em 2022 e agora sou campeão olímpico. É o dia mais feliz da minha vida, esse era o meu objetivo”, comemorou.
Este ano, o etíope abandonou a maratona de Londres em abril e não terminou a prova na Maratona Mundial de Budapeste em 2023, ano em que conseguiu recuperar ao vencer a maratona de Nova Iorque meses depois.
– Quarto campeão etíope –
Com a vitória neste sábado na Esplanade des Invalides, Tola se torna o quarto etíope a ser campeão olímpico na maratona masculina, depois do pioneiro Abebe Bikila, com vitórias em 1960 e 1964, Mamo WOlde (1968) e Gezahegne Abera (2000).
Outra lenda que participou da prova, a também etíope Kenenisa Bekele, terminou na 29ª colocação com o tempo de 2h12m24.