O alvinegro Vinicius Ramos, investigado por gestos racistas contra torcedores do Palmeiras, prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) nesta segunda-feira (19). Em seu depoimento, o torcedor nega ter cometido o crime, dizendo que o vídeo contém edições ‘intencionais’ e que as ondas remetiam à determinação do Botafogo em vencer.
Vinicius Ramos deixou Decradi escondido no carro do advogado, mas torcedores do Botafogo bateram no veículo e assediaram o homem. O Alvinegro identificou o homem na última quarta-feira (14) e o expulsou do Estádio Nilton Santos: “A vergonha precisa ser punida exemplarmente”, disse o clube.
O homem também teve problemas na vida profissional após o ocorrido no Nilton Santos. Vinicius Ramos ocupou cargo na Secretaria de Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Maricá, mas acabou sendo demitido do cargo logo após a repercussão do caso.
Declaração de Vinícius
O homem chegou ao Decradi acompanhado de dois advogados e lá permaneceu pouco mais de uma hora. Em seu depoimento, ele disse que esteve acompanhado no jogo por seis pessoas de Maricá, incluindo sua namorada, e eles só se posicionaram na ala sul no segundo tempo. O setor fica próximo ao espaço destinado aos visitantes – ou torcedores do Palmeiras, neste caso.
A certa altura, Vinicius conta que “perto do final do jogo, os torcedores do Palmeiras se aproximaram da divisória do estádio e começaram com gestos e insultos, que eram recíprocos, aos torcedores do Botafogo”.
Ainda segundo informações do G1, o torcedor justificou os gestos do vídeo como algo que remetia à determinação do Botafogo na partida. O clube de General Severiano venceu o Palmeiras por 2 a 1, pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América naquela ocasião.
“O gesto referia-se à determinação e ao sangue da equipe pela vitória. Principalmente considerando o histórico recente de confrontos entre os dois clubes e entre seus respectivos presidentes (referindo-se a Leila, líder do Palmeiras, e Textor, dono da SAF)”.
Vinicius negou que tenha imitado um macaco diante da torcida palmeirense, como mostram as imagens. Segundo ele, “ele estava na verdade fazendo um gesto de preparação para uma luta, já que é um lutador” e “o vídeo contém edições com cortes intencionais”.
O empresário Adriano Machado, 38 anos, esteve ao lado de Vinicius Ramos durante as filmagens. Morador de São Gonçalo, o torcedor também prestou depoimento por ser suspeito de lançar insultos racistas a torcedores do Palmeiras. O homem, porém, disse que vinha sofrendo desmaios de memória devido a um procedimento médico e estava embriagado no dia da partida.
Botafogo emite nota de repúdio
O Alvinegro carioca então trabalhou rapidamente para identificar o torcedor após a repercussão do caso. Em nota de repúdio, o Botafogo cobrou ações efetivas contra o racismo nos estádios e proibiu o acesso do homem a Nilton Santos.
“(…) Mas o Botafogo está empenhado em combater ativamente esse mal e não medirá esforços para que tais atos não tenham lugar no esporte e na sociedade como um todo. O futebol desempenha um papel muito importante na construção social e influencia a vida de muitas pessoas. Mas que outros Clubes e entidades desportivas sigam o mesmo caminho, para que esta mensagem de sensibilização tenha efeito”, dizia trecho da nota.
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