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À medida que as indústrias continuam a recorrer a fontes artificiais que imitam peças reais para o desenvolvimento de produtos, a biotecnologia brasileira Cellva está a atrair o interesse dos investidores com a sua abordagem à produção de gorduras animais e compostos orgânicos.
Com sede em São Paulo, a biotecnologia desenvolveu uma forma de produzir gordura suína em laboratório sem a necessidade de abate de animais, utilizando biorreatores avançados para multiplicar células de gordura retiradas de um porco vivo. Os óleos cultivados em laboratório fornecem ácidos graxos como ômega-3 e ômega-9, além de produzir outros tipos de gorduras animais comuns em produtos alimentícios.
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Além de engordar, a Cellva também produz microtransportadores e microcápsulas. Essas plataformas proporcionam proteção e liberação de princípios ativos e podem ser utilizadas não só na indústria alimentícia, mas também em produtos farmacêuticos e de beleza.
Para ampliar seu alcance e expandir os negócios de seus produtos patenteados em novos mercados, a empresa levantou recentemente um investimento inicial de R$ 8,5 milhões (US$ 1,5 milhão), atraindo um mix de investidores brasileiros e internacionais, como Fundepar, Proveg, Rumbo. , AirCapital e EA Angels. Além disso, um grupo de 151 investidores liderados pela empresa de crowdfunding Captable também participou do jogo, representando 10% do valor total arrecadado.
“Nossa missão é focar no mercado de nutrientes de alta qualidade e fornecer acesso acessível aos ácidos graxos”, afirma Sérgio Pinto, CEO da empresa, em entrevista à Forbes. Segundo o empresário, que fundou a empresa em 2022 ao lado de Bibiana Matte, o mercado total de óleos, gorduras e ácidos graxos vale US$ 220 bilhões.
A Cellva pretende atender à crescente demanda por materiais duráveis e eficientes no mercado global, afirma Pinto. “Estamos focados no desenvolvimento de tecnologias eficientes e diferenciadas, em vez de competir diretamente com combustíveis ou derivados existentes”, acrescenta.
Quanto à expansão internacional, a empresa explora ativamente oportunidades nos Estados Unidos, onde o mercado de nutrição é mais desenvolvido que o brasileiro. A estratégia da Pinto inclui o estabelecimento de parcerias estratégicas com fornecedores globais de equipamentos e produtos de consumo nos setores alimentar, de beleza e farmacêutico, alavancando os seus canais de distribuição e experiência de mercado.
Atualmente, a Cellva tem “receitas muito modestas”, segundo seu CEO, com as primeiras vendas provenientes de projetos de microencapsulação com um centro de pesquisa e um cliente internacional. “Estamos mais focados em fechar contratos comerciais maiores do que em pequenos negócios de varejo neste momento”, diz Pinto.
No próximo ano, a empresa de biotecnologia planeja aumentar sua receita recorrente de cinco dígitos para R$ 250 mil (US$ 46 mil). A empresa espera começar a aumentar a produção para 8 toneladas por mês no primeiro semestre de 2026, visando receitas de R$ 15 a 20 milhões (US$ 2,7 a 3,6 milhões) até o final daquele ano.
Segundo o fundador, o processo de captação de recursos foi um “aprendizado”, pois a situação dos investimentos no Brasil ainda é muito focada em setores tradicionais como e-commerce e fintech.
“Como empresa de biotecnologia, temos prazos e conceitos de investimento diferentes – pretendemos proporcionar um retorno do investimento dentro de 6 a 7 anos, ao contrário de outros negócios que podem operar de uma forma muito diferente”, disse Pinto.
Embora alguns investidores possam querer um retorno rápido, outros parecem dispostos a esperar: segundo Pinto, a Cellva está considerando levantar fundos antes do planejado, em cerca de US$ 8 milhões, já que a empresa ganha juros de investidores dispostos a descontar cheques até. dobrar seu valor atual.
“Estamos considerando o momento e o valor certos para o nosso próximo ciclo, equilibrando a necessidade de recursos adicionais e mantendo um orçamento de capital adequado”, conclui.
* Angélica Maria é colaborador da Forbes USA. Escreve sobre tecnologia e inovação. Ele também colabora com Jazeera English, Wired, BBC e muito mais. É cofundador do Futuros Possíveis, centro de inteligência e informação focado em definir o futuro.
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