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Para surpresa de absolutamente ninguém, o economista Gabriel Galípolo foi eleito nesta quarta-feira (28) para suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC). A tradição sucessória exige que Galípolo seja questionado pelo Senado, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
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Galípolo é atualmente diretor de Política Monetária do BC, o mais importante da autoridade. E antes disso, no início do terceiro governo Lula, Galípolo ocupava o cargo de Secretário Executivo do Ministério da Fazenda. É o segundo nível no centro, logo abaixo à direita.
Sua recomendação é vista com cautela pelo mercado de ações. Galípolo é bacharel e mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde foi professor. O departamento de economia da PUC está associado a uma abordagem heterodoxa. Ou seja, mais tolerância relativamente à despesa pública e à actividade económica nacional.
Portanto, tome cuidado com suas declarações a partir de agora. “Suas impressionantes declarações serão monitoradas com lupa”, afirma Paulo Henrique Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos. “As previsões recentes foram duras, mas o mercado aguarda a próxima reunião do Copom.”
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Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o fato de Galípolo ser um bom diretor. “Ele já foi testado em suas opiniões sobre a política monetária e a gestão do Banco Central”, diz Cruz. “Bem, resta saber como ele lidará com questões como a volatilidade da taxa de câmbio.”
Cruz acredita que Haddad e sua equipe criticaram Campos Neto por permitir a valorização excessiva do câmbio. “Será importante prestar atenção em como o Galípolo lidará com futuras mudanças nas metas de inflação e cortes nas taxas de juros.”
A atuação de Galípolo como líder do Copom será acompanhada de perto. “É possível que, para ganhar confiança, ele vote a favor do aumento da Selic na próxima reunião”, afirma. Evandro Buccini, sócio da Rio Bravo Investimentos. “Resta saber, porém, se essa posição será mantida, pois ele não segue os mesmos exemplos da maioria do Banco Central.
Um caminho
Além da experiência acadêmica, Galípolo já havia trabalhado no setor público antes de ingressar no setor privado. Em 2007, trabalhou no Departamento de Transportes de São Paulo, administrado por José Serra. Depois disso, tornou-se diretor do Centro de Desenvolvimento de Projetos e PPP da Secretaria de Economia e Planejamento.
Em 2009 abriu a Galípolo Consultoria. No currículo apresentado ao Senado quando foi eleito diretor de Política Financeira, ele informa que destinou “R$ 200 bilhões em estudos econômico-financeiros para investimentos em mobilidade urbana, rodovias, esgoto, habitação e saúde”.
Galípolo passou pelo sistema financeiro. Entre 2017 e 2021 foi CEO do banco Fator. Antes disso, foi membro do Conselho de Administração de um banco e executivo de uma seguradora coletiva e administradora de imóveis.
Em 2022, já fora do Fator, atuou como consultor da Fiesp e pesquisador sênior do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Nessa época começou a participar de reuniões com o grupo de Fernando Haddad a respeito do projeto de governo do Estado de São Paulo. Foi a sua relação com o governo, coroada nesta quarta com a nomeação para o BC.
Em diversas ocasiões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou Galípolo de “o menino de ouro”. Se aprovado pelo Senado, caberá ao palmeirense equilibrar as necessidades ortodoxas do mercado e as necessidades progressistas do Corinth Lula.