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Apostar em uma loja de moda vendendo uma peça e ver o faturamento aumentar dez vezes, vender e despachar peças em Nova York, abrir uma loja em um shopping de luxo – tudo isso, em menos de dez anos como sinal. Este é um resumo do ataque Juliana Mansur no mercado da moda. Ele, entusiasta do métier, já dirigia uma empresa de roupas atendendo marcas como Mixed e Zion, no início dos anos 2000 fechou o negócio ao perceber que estava fazendo algo tudo menos criar, sua atividade preferida. Depois de passar vários anos focada na criação dos filhos e correr riscos para se tornar estilista, Juliana decidiu investir em bodywear. Mas não apenas um body: era sexy e lindo, capaz de arrancar elogios.
O VIAJANTE Sob a superfície nasceu em 2016, na casa de uma empresária. “Comecei com 20 mil reais. Criei doze peças e abri um perfil no Instagram com zero seguidores”, conta. Desde então, veio muito trabalho, seguido de muito sucesso. Hoje, com 14 funcionários diretos,. ele lembra que, um dia, ele fazia tudo sozinho. Eu ia para a cama, arrumava as malas para levar para a casa dos clientes, emitia faturas, postava nas redes sociais. E ele deu exemplos. Abaixo, você confere mais sobre a designer e a trajetória empresarial da mulher.
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Você cria um corpo e carrega conteúdo com dicas persuasivas no Instagram da marca. Como esses dois mundos estão relacionados?
Parece que o corpo e o conteúdo motivacional nada têm a ver um com o outro. Mas não estou vendendo meu corpo, estou vendendo esperança, estou vendendo respeito próprio. É esse relacionamento. Pela internet prefiro fazer cursos que mudam. Se faz diferença para apenas uma pessoa, ótimo. É um processo claro. Eu decido os assuntos do dia. A equipe de gravação às vezes pergunta “fale sobre perdão, preciso ouvir sobre isso hoje”. E eu estou falando. Falo de coração; Não é totalmente verdade, é apenas minha opinião.
Trabalhar com uma ONG também está relacionado com essa organização?
Logo no início da marca decidi criar um projeto comunitário. Fui até a ONG Nova Mulher, em Vila Nova Cachoeirinha, e passei o plano para eles. A ideia era ensinar empreendedores digitais para aquelas mulheres, que são manicures, costureiras, massagistas; pequenos empreendedores que precisam expandir seus negócios. Trabalhamos o ano todo com reuniões mensais. Há um módulo sobre finanças e questões sociais, há uma palestra da Ana Raia. Mas há também um módulo cosmético – de uma forma interessante, uma data importante, uma mudança. No final do ano fazemos uma foto comemorativa, em que eles usam o body Undertop. Quem cresce se sentindo inadequado, não conseguiria tirar essas fotos se não passasse por todo esse processo.
Como você começou no mercado da moda?
Comecei do zero. Me formei em administração porque, quando entrei na faculdade, a moda parecia uma opção improvável. Mas depois que me formei, fiz estudos de moda e estagiei na Ricardo Almeida e na Bicho da Seda. Depois disso, abri uma empresa de roupas que oferecia outros produtos. Mas ainda não era o que ele queria. Aprendi muito, mas ainda estava na área de gestão, não de design de moda. Um pouco depois, veio Undertop.
E por que o corpo?
Percebi que muitas marcas faziam bodys, mas como produto secundário. Entendi que ser especialista em produtos me faria destacar mais do que ser apenas mais um modelo. Depois de três meses consegui vender para muitas pessoas em Nova York. Aos seis meses, ela participou do desfile da NYFW na loja. Com um ano e meio de idade, fui convidado para ingressar no Iguatemi. A razão é que estou fazendo algo que não existe no gênero varejo. Quando as pessoas me perguntam quem são meus concorrentes, digo todos e ninguém.
Como você começou a vender em Nova York?
Três meses depois de fazer as primeiras peças, fui para Nova York. Contratei uma brasileira que morava lá e trabalhava com moda. Pedi-lhe que fizesse um mapa de várias espécies. A Flying Solo, uma loja conjunta no SoHo, tinha acabado de começar e queria se encontrar comigo. Para colocar as peças na loja era preciso pagar a estante; então, $ 1.300. Decidi seguir em frente como um investimento de marketing. Eu não esperava vender; Eu mandaria o resto para cá, já que as estações são invertidas. Depois veio a apresentação da loja na New York Fashion Week. Ninguém sabia. Então contratei um PR e fiz uma campanha com o Chris Pitanguy, e as coisas começaram a mudar. Esta será a 12ª temporada do desfile.
Você deu passos grandes, alguns arriscados, mas tudo bem, certo?
Não foi fácil, mas tenho esperança, acho que vai dar certo porque decidi que vai dar certo. Essa pandemia, por exemplo: terminei de pagar as taxas do Pronampe (linha de crédito para pequenos negócios, criada pelo Governo durante a pandemia) no mês passado. Existem bons e maus momentos. Hoje tenho uma pequena empresa que está crescendo muito rápido. Mas comecei aos poucos, em casa, fazendo todo o trabalho. Agora eu administro, apareço nas redes sociais, faço a parte criativa e monitoro novos negócios. Entre 2018 e 2023, o imposto aumentou 10 vezes.
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Como será o desfile em Nova York?
Prefiro peças de alto verão, que chegarão às lojas aqui no Brasil em novembro. Nessas coleções foco muito no réveillon, com brancos e metálicos. Existem bodys e vestidos com tecido separado, ou seja, funciona aberto para Trancoso e depois, no dia a dia, com tecido.
Trabalho e corpo são proibidos, certo?
Super. Tule é o mais popular. Lantejoulas, veludo e outros enfeites, desde que contenham elastano, funcionam. E até tecidos lisos podem ser incorporados ao tecido da peça, como a manga guipir. A coleção tem de 60 a 70 estilos, entre vestidos e acessórios. Com o passar do tempo, fizemos mudanças, como o pit. Alguns corpos têm opções de cavas retrô e cavas fio-dental e os tamanhos variam de P a XXL.
Quais são suas dicas para um negócio de sucesso?
Quando você ama o que faz, coloca seu coração e alma nisso e usa o que faz para ajudar as pessoas, você não pode errar. Se estiver errado é porque não foi do jeito certo. Existem desafios todos os dias, você precisa saber como melhorar. E não se canse, não desista, tenha certeza do que deseja. Você é seu primeiro cliente: se você não comprar para si, ninguém o fará.
Estou com Antonia Petta e Milene Chaves
Donata Meirelles é consultora de estilo que atua no mundo da moda e lifestyle há 30 anos.
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