Acesso
Dois meses depois do desastre que matou cerca de 170 pessoas e deixou 600 mil desabrigados em 470 cidades do Rio Grande do Sul, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o efeito da enchente na economia foi, ao contrário do que o que era esperado, oportuno e limitado. Os preços dos alimentos não aumentaram em resultado da crise e o impacto nas colheitas agrícolas foi mínimo.
Leia de novo
Para Raphael Moses, professor de finanças do COPPEAD/UFRJ, os maiores problemas estavam na logística, principalmente no transporte de alimentos para outros países do Brasil. No entanto, estes efeitos da crise no Sul foram mais o resultado de problemas estruturais do que de um declínio na produção e no consumo.
Ocupado e lotado de comida
A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu para 0,21% em junho, abaixo do esperado, e 0,46% em maio. Preços de grupo Alimentos e bebidas novamente lentamente. A diferença caiu para 0,44%, ante 0,62% em maio.
André Almeida, diretor de pesquisas do IBGE, disse que o mau tempo e o período de inatividade contribuíram para a baixa oferta de alimentos. Como resultado, houve um aumento nos preços de alguns alimentos básicos. As maiores dos últimos dois meses vieram da batata inglesa (+14,49%), do leite longa vida (+7,43%) e arroz (+2,25%).
“Em Maio, quando a colheita húmida estava a terminar e a colheita seca começou lentamente, a oferta de batatas caiu. Além disso, as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram o setor produtivo. No caso do leite, o mau tempo contribuiu para a queda da produção”, afirma.
Falha na colheita
A previsão de junho do IBGE aponta para uma colheita de 295,9 milhões de toneladas em 2024, ou 19,5 milhões de toneladas abaixo da colheita de 2023, uma queda de 6,2%. Segundo o diretor de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, os estados com maiores índices de colheita são Minas Gerais, Paraná e Bahia. O Tocantins deverá obter uma colheita de arroz acima do esperado, o que deverá atender às necessidades do mercado local, ainda que com dificuldade.
A pesquisa agropecuária de junho do IBGE não reflete integralmente as perdas esperadas com as enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, segundo o diretor da pesquisa, Carlos Barradas, a queda na produção indica outros problemas climáticos além das chuvas. “A A seca no bioma Cerrado afetou a produção em outros estados, como Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, o IBGE intensifica esforços para avaliar as perdas causadas por fortes chuvas e enchentes.
Arroz, milho e soja ainda são as três principais culturas agrícolas do Brasil, representando 91,6% da produção estimada e 87,2% da área a ser colhida. Em relação a 2023, houve aumento de 7,1% na área a ser colhida para arroz em casca e 3,3% para soja. Na área de milho houve queda de 4,9%, sendo -8,6% na safra 1 e -3,7% na safra 2.