Federico PARRA
Anteriormente conhecido como “Venezuela Saudita”, o país possuía um petróleo que causava inveja na região devido ao seu crescimento econômico. Mas com uma indústria em crise e sujeita às sanções dos EUA, hoje este país sul-americano não é sequer uma sombra de si mesmo.
Apesar disso, a Venezuela tem a seu favor o facto de possuir as mais importantes reservas certificadas de hidrocarbonetos do mundo.
– Era de ouro –
No final do século XIX, ocorreram as primeiras descobertas de petróleo na Venezuela. A partir da década de 1920, “o petróleo tornou-se o principal produto de exportação e a principal fonte do orçamento nacional, o motor da economia venezuelana. Todo o resto, direta ou indiretamente, dependia da atividade petrolífera”, afirma o académico e antigo reitor da Universidade. de Zulia, Ángel Lombardi.
Em 1976, a indústria de hidrocarbonetos foi nacionalizada e foi criada a holding estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). A maior parte das obras de infra-estruturas foi financiada pelos lucros do petróleo.
– O colapso –
Segundo a maioria dos especialistas, a situação muda com a chegada de Hugo Chávez à presidência (1999-2013).
A má gestão e as decisões controversas contribuem para a corrupção que já assolava parte da PDVSA. O mais impressionante foi o despedimento de 20 mil trabalhadores, a maioria deles profissionais altamente qualificados, entre 2003 e 2004, após uma greve industrial que durou mais de um mês e praticamente paralisou o país.
“Aí tudo começa a desmoronar. Não só a produção, que é a mais fácil de medir e a mais óbvia, mas também coisas muito importantes como a manutenção das instalações”, explica Eugenio Montoro, ex-gerente da PDVSA e crítico do governo.
Embora a produção tenha continuado a aumentar até 2008, atingindo um pico de 3,5 milhões de barris por dia, mais tarde caiu para 400.000 barris por dia, mergulhando o país numa crise económica sem precedentes.
– Sanções –
A crise aprofundou-se em 2018 com o estabelecimento de sanções à indústria pelos Estados Unidos, que não reconheceram a reeleição de Nicolás Maduro por ter sido considerada fraudulenta.
Mas as tensões sobre o abastecimento, primeiro com a guerra na Ucrânia e depois com o conflito no Médio Oriente, levaram Washington a reduzir a pressão sobre a Venezuela, apesar de o discurso sobre a necessidade de uma transição democrática permanecer inalterado.
No final do ano passado, na sequência de um acordo entre o governo da Venezuela e a oposição para a realização de eleições presidenciais em 2024, os Estados Unidos aliviaram as sanções. Mas mais tarde restabeleceram-nos, quando o Conselho Nacional Eleitoral retirou o convite acordado aos observadores da União Europeia. No entanto, autorizaram exceções na forma de licenças para empresas como Chevron, Repsol e Maurel e Prom.
A Venezuela tem procurado novos aliados – Rússia, Irão e China – para aumentar a sua produção de petróleo, que está actualmente perto de um milhão de barris por dia, mas requer investimento para avançar para um nível superior.
O mau estado da infra-estrutura petrolífera provoca graves danos ao ambiente, com fugas permanentes nas principais bacias.
– Reservas –
Com cerca de 300 mil milhões de barris, a Venezuela possui as maiores reservas de hidrocarbonetos do mundo. Possui duas bacias principais: os históricos estados Zulia e Falcón, com petróleo leve, e o cinturão petrolífero do Orinoco, com petróleo pesado e extrapesado.
O presidente da PDVSA e ministro do Petróleo, Pedro Tellechea, garante que o país está “no meio de um renascimento da indústria petrolífera”.
“Hoje estamos crescendo, um sonho de recuperação dos nossos mercados internacionais”, afirma. “A Venezuela possui uma das maiores reservas de gás, que podemos melhorar e encontrar o equilíbrio perfeito para a transição energética”, acrescenta.