MOHD RASFAN
O velocista norte-americano Noah Lyles conquistou a coroa de rei dos 100 metros em Paris-2024 ao vencer por pouco o jamaicano Kishane Thompson, num domingo que também coroou uma lenda do ténis, o sérvio Novak Djokovic, agora ‘campeão de tudo’.
Por outro lado, o domingo começou mal para o Brasil, que teve notícias melhores na parte final da rodada.
No Stade de France, em Saint-Denis, Lyles, de 27 anos, conquistou sua primeira medalha de ouro olímpica. Ficou em primeiro lugar com o mesmo tempo de Thompson (9,79 segundos) numa final de tirar o fôlego, em que o resultado final demorou a ser anunciado.
O também norte-americano Fred Kerley, campeão mundial há dois anos, ficou com o bronze (9,81) naquela que é uma das provas mais aguardadas dos Jogos Olímpicos.
Com todos os holofotes voltados para ele, Lyles virou a página de sua atuação discreta em Tóquio-2020 (quando conquistou o bronze nos 200 metros). Faltava o ouro olímpico na coleção do tricampeão mundial (100m, 200m, 4x100m), que antes da largada estava inquieto pela força demonstrada por seus competidores nas eliminatórias.
– Lyles quer mais –
Sua vitória é um alívio para o atletismo dos EUA, que foi ofuscado durante a era jamaicana de Usain Bolt. Os norte-americanos não alcançavam o lugar mais alto do pódio olímpico desde que Justin Gatlin venceu, há duas décadas, em Atenas 2004.
E há esperança de mais medalhas para Lyles na capital francesa.
Ele será o claro favorito ao título nos 200 metros, sua prova preferida, e também poderá buscar a glória nos 4×100 metros e no revezamento 4×400 metros.
A noite atlética também ficou marcada pela final do salto em altura feminino, na qual a nova recordista mundial, a ucraniana Yaroslava Mahuchikh, conquistou o ouro que lhe faltava.
Ela assumiu o trono da russa Mariya Lasitskene – excluída do Paris-2024 devido à invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 –, tendo saltado mais de dois metros na primeira tentativa.
Nesta final, a brasileira Valdileia Martins teve que abandonar após sentir dores no tornozelo esquerdo ao iniciar a corrida para dar o primeiro salto.
– A coroação desaparecida –
Em mais um momento de êxtase neste domingo, Novak Djokovic completou a mais brilhante galeria de títulos do tênis masculino ao vencer o espanhol Carlos Alcaraz em uma final eletrizante em Roland Garros.
O sérvio de 37 anos adicionou a medalha de ouro à sua coleção de 24 troféus de Grand Slam com uma vitória por 7-6 (7/3) e 7-6 (7/2) em quase três horas de ação no saibro.
Suas lágrimas logo após garantir o triunfo mostraram o quanto ele sonhava com esse título, que não conseguia desde que estreou com o bronze em Pequim-2008, e que agora lhe permite se orgulhar de ter vencido todas as grandes competições de tênis.
“Foi uma batalha incrível (…) estou em choque”, disse ele. Seu rival e potencial herdeiro no circuito, Carlos Alcaraz, de 21 anos, teve que se consolar, também com lágrimas nos olhos, com a prata na estreia nos Jogos Olímpicos.
– Decepções e vitórias para o Brasil –
O dia começou da pior forma para o Brasil, com atletas que tinham chances de medalha se despedindo do Paris-2024.
Logo no início, Marcus D’Almeida, número um do ranking mundial de tiro com arco, foi eliminado pelo sul-coreano Kim Woo-Jin por 7 a 1 nas oitavas de final.
Horas depois, Hugo Calderano perdeu para o francês Felix Lebrun na disputa pelo bronze no tênis de mesa masculino.
Duas duplas brasileiras de praia também se despediram dos Jogos. André e George foram derrotados pelos alemães Wickler e Ehlers com pontuações de 21-16 e 21-17. E Carol e Bárbara perderam para as australianas Clancy e Mariafe por 24 a 22 e 21 a 14.
Mais tarde, Evandro e Arthur derrotaram os holandeses Matthew Immers e Steven Van de Velde (21-16 e 21-16) e avançaram às quartas de final.
E fechando o dia, a seleção brasileira feminina de vôlei venceu a Polônia por 3 sets a 0 e terminou na primeira colocação geral da fase de grupos, sem ter perdido um único set.
– Nova medalha em meio a polêmica –
Com os holofotes voltados para ela, em meio à polêmica de gênero em que está envolvida, a boxeadora Lin Yu-ting garantiu a medalha com uma vitória contundente sobre a búlgara Svetlana Staneva nas quartas de final na categoria até 57 quilos.
O taiwanês tem o bronze garantido. Ela fez isso depois que Imane Khleif, outra boxeadora envolvida na polêmica, garantiu a primeira medalha da Argélia nas semifinais até 66 kg.
Lin e Khelif foram desclassificados no ano passado da Copa do Mundo Feminina por terem sido reprovados em um teste de elegibilidade de gênero, o que causou grande agitação na mídia e na política.
– Adeus à natação –
Um dos grandes desportos despediu-se este domingo: a natação, após nove dias consecutivos de entrega de medalhas.
O francês Leon Marchand, grande estrela do Paris-2024, conquistou o bronze no revezamento 4x100m medley masculino, sua quinta medalha nos Jogos, após conquistar quatro ouros em provas individuais.
A sueca Sarah Sjostrom correspondeu às expectativas e dominou nos 50m livres, quatro dias depois de conquistar o ouro nos 100m livres.
A equipe de revezamento dos Estados Unidos conquistou as medalhas finais, vencendo com recorde mundial no medley 4×400 feminino.
– Primeiras medalhas para refugiados e russos –
A boxeadora camaronesa Cindy Ngamba garantiu pelo menos uma medalha de bronze, a primeira da história olímpica para a seleção de refugiados, na categoria até 75kg do boxe feminino.
“Sou apenas um ser humano, como qualquer outra pessoa”, disse ela.
A camaronesa lutará por uma vaga na final na quinta-feira contra Atheyna Bylon, que também fez história ao se tornar a primeira panamenha a conquistar uma medalha olímpica.
Embora sob bandeira neutra, devido à proibição da Rússia de participar dos Jogos devido à guerra na Ucrânia, as tenistas Mirra Andreyeva e Diana Shnaider obtiveram a primeira medalha russa, uma prata nas duplas femininas.