Ronnie Hartmann
O processo criminal contra o ex-CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn, por sua responsabilidade no escândalo “dieselgate” começou nesta terça-feira (3), nove anos após a revelação que mergulhou a montadora em uma grave crise.
O antigo CEO do maior fabricante de veículos da Europa manteve-se discreto ao chegar ao tribunal em Brunswick, norte da Alemanha, onde simplesmente disse aos jornalistas que estava “muito bem” e que o seu amor por “carros bonitos” tinha norteado a sua carreira. na Volkswagen.
O grupo alemão admitiu em 2015 que instalou software para manipular os níveis de emissões em milhões de veículos em todo o mundo, desencadeando um dos maiores escândalos industriais da história recente do país.
Winterkorn enfrenta diversas acusações, incluindo fraude no uso de dispositivos de desativação que faziam os carros parecerem menos poluentes em testes de laboratório do que nas estradas. Se for condenado, poderá receber pena de até dez anos de prisão.
Pouco depois de estourar o escândalo, o empresário renunciou ao cargo de presidente do grupo Volkswagen, que também inclui as marcas Porsche, Audi, Skoda e Seat.
As tentativas de levá-lo a julgamento falharam até agora. Em 2021, ele deveria ser julgado ao lado de outros executivos da Volkswagen, mas as acusações contra ele foram separadas do caso principal e adiadas devido à sua saúde frágil.
No entanto, um tribunal regional em Brunswick, perto da histórica sede da Volkswagen em Wolfsburg, anunciou que o julgamento finalmente aconteceria este mês.
Desde então, ressurgiram preocupações sobre a saúde do ex-executivo, de 77 anos, que segundo a imprensa foi operado em meados de junho, e dúvidas sobre se conseguirá suportar o longo julgamento previsto até meados de 2025.
– Falso testemunho –
Este engenheiro de formação liderou o império Volkswagen de 2007 a 2015. Sob sua direção, a força de trabalho do grupo cresceu de 330.000 para mais de 600.000 funcionários e as vendas aumentaram de 6,2 para 10 milhões de veículos em todo o mundo.
No entanto, o tribunal alemão acusa-o de ter permitido a venda de veículos equipados com dispositivos de manipulação, enganando os compradores sobre as suas características.
A alegada fraude afetou 9 milhões de veículos vendidos na Europa e nos Estados Unidos, que sofreram perdas económicas de centenas de milhões de euros.
A prática durou entre 2006 e 2015, mas Winterkorn só será responsabilizado pelos anos de sua presidência.
O antigo executivo foi também acusado de prestar falso testemunho em 2017 a uma comissão parlamentar alemã, perante a qual declarou não ter conhecimento da existência destes dispositivos até setembro de 2015. O Ministério Público considera que isso aconteceu antes.
Além disso, enfrenta uma acusação de manipulação de mercado por “não informar deliberadamente o mercado de capitais em tempo útil” depois de descobrir a existência deste dispositivo, que viola as regulamentações do mercado de ações alemão.
O eixo central do julgamento será determinar quando o ex-CEO tomou conhecimento da fraude massiva e como administrou o caso a partir de então.