A Câmara dos Deputados propôs nesta quinta-feira, 4, a regularização da reforma tributária.
Um dos pontos principais foi a manutenção da carne bovina e do frango. A sugestão é a tributação parcial dos impostos sobre o consumo.
A ideia inicial é que o frango e a carne vermelha permaneçam na cesta básica com tributação parcial (alíquota total de 40%). A proposta será submetida ao plenário da Câmara na próxima semana e será votada.
Hoje, a carne bovina e o frango não pagam impostos federais. Na maioria dos estados é cobrado ICMS. Nos próximos anos, os impostos serão substituídos pelo IBS e pelo CBS, daí a necessidade de discutir novas regras.
Augusto Coutinho (Republicanos PE), um dos relatores, explicou que “o impacto da questão da carne é muito substancial na alíquota básica já cobrada”. Portanto, pensaram em formas de fazer concessões:
“Preferimos até que a questão do cashback para a população de baixa renda fosse compensada, para que de fato recebesse o benefício a população mais pobre, a população que realmente precisa ter o incentivo da tarifa zero.”
Neste sistema, todos pagariam impostos. No entanto, as pessoas de baixa renda receberiam o dinheiro gasto em alguns produtos como crédito. O modo de retorno não foi definido.
Aumentos da taxa de referência
Parte da razão pela qual a Câmara resiste à isenção de impostos sobre todas as carnes é a taxa de referência.
Basicamente, ao isentar alguns itens de consumo de impostos, outros precisam compensar. A taxa de referência é a cobrada sobre todos os produtos não isentos.
Hoje, a alíquota é de 26,5%. Se houvesse isenção de impostos sobre carnes, essa alíquota subiria para 27,1% —a maior referência do mundo.
Hoje, a Hungria tem uma taxa de referência de 27%, a mais cara.
Carne mais barata
Embora a carne tenha alíquota de 40% nos impostos futuros, o governo Lula afirmou que os impostos gerais serão menores do que hoje, no final.
Hoje, a carne paga cerca de 12,7% de impostos, considerando o ICMS de cada estado e os resíduos tributários.
Após a reforma tributária e com a aplicação da tributação parcial, os tributos serão não cumulativos — aproximando-se de 10,6%.
Bernardo Appy, secretário da Fazenda, explicou como esse imposto será ainda menor para a população de baixa renda. Com retorno de cashback de 20%, o valor final é de 8,5%.
E a picanha, como Lula prometeu?
Lula (PT) queria que o Congresso incluísse alguns cortes de carne na isenção —com base no nível de renda do consumo. Na terça-feira, dia 2, ele comentou a “picanha” que prometeu:
“Acho que a gente tem que fazer a diferença. Você tem carnes diferentes, tem carnes chiques, de altíssima qualidade, que quem consome pode pagar um pouco de imposto. Agora você tem outro tipo de carne, que é a carne que a gente Frango, por exemplo, não precisa ser taxada O frango faz parte do dia a dia do povo brasileiro, o ovo faz parte do dia a dia, né, um músculo, um mandril, uma carne macia, tudo isso. isso pode ser evitado.”
Contudo, não é possível diferenciar. Rodrigo Orair, diretor de programas da Secretaria Extraordinária de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, disse em abril:
“A fiscalização é feita com classificação padrão. E como aparecem as carnes ali. Você divide a carne em metades e quartos. Portanto, existem apenas duas classificações, quarto da frente e quarto de trás. Normalmente as carnes nobres ficam nos quartos traseiros. Mas aí você tem várias anedotas de auditores que disseram que estados que fizeram isso e o fiscal chegou lá e todos os bois eram bípedes, porque só tinham quartos dianteiros.”
Portanto, dificilmente haverá possibilidade de verificar cortes de carne bovina — no máximo, trata-se de um tipo de carne, como bovina, suína, etc.
Na quarta-feira, Lula propôs então diferenciar cuidados naturais e processados, sendo os primeiros isentos.
“Mas sou daquelas pessoas que vai ficar feliz se puder comprar carne com isenção de impostos, prometi na campanha que as pessoas voltariam a comer picanha e a beber cerveja”, disse.
O que muda na reforma tributária?
A reforma tributária está prevista para ser avaliada entre 2024 e 2025 e entrar em vigor a partir de 2026.
Funcionará como uma simplificação fiscal. Cinco impostos tornar-se-ão dois Impostos sobre o Valor Acrescentado (IVA). Estes terão apenas uma legislação; um deles será comandado pela União; o outro, gestão única de estados e municípios.
A CBS, Contribuição sobre Bens e Serviços, é administrada pela União. Unifica IPI, PIS e Cofins.
O IBS, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, aplica-se a estados e municípios e combina ICMS (estadual) e ISS (municipal).
Outros impostos serão seletivos, sobre produtos prejudiciais à saúde, e um sobre produtos produzidos em Manaus, mas fora da Zona Franca.
Os impostos sobre o consumo, para terem arrecadação semelhante, devem somar 26,5%. O valor será padronizado e confirmado futuramente.
Imposto sobre o pecado
Outra sugestão importante da reforma tributária é a ampliação da lista do chamado “imposto do pecado”, destinado a desestimular o consumo. O nome oficial é Imposto Seletivo.
Este imposto é normalmente aplicado a produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
Hoje, a lista consiste em:
- Cigarros;
- Bebidas alcoólicas;
- Bebidas açucaradas;
- Embarcações, aeronaves e veículos poluentes; Isso é
- Extração de minério de ferro, petróleo e gás natural.
Dois novos itens serão:
- Apostas
- Carros elétricos.
- Originalmente, os caminhões estavam incluídos na lista, mas foram excluídos.
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