O grupo de trabalho encarregado de debater o projeto que regula parte do reforma tributária
na Câmara dos Deputados divulgará hoje, quinta-feira (4), seu parecer detalhado sobre a implementação de dois novos tributos.
O documento aborda a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), do CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do Imposto Seletivo (IS). Os dois primeiros compõem o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e têm como objetivo substituir cinco tributos atualmente incidentes sobre o consumo: PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
Proposta inicialmente pelo governo, a iniciativa foi encaminhada à Câmara, onde o presidente Arthur Lira (PP-AL) optou por formar um grupo de trabalho para analisar possíveis ajustes no texto. A votação está marcada para a próxima semana.
“Está claro que a linha geral da PEC [tributária] aprovado e o projeto de lei complementar enviado pelo governo não traz as 800 mil alterações como foram sugeridas. Há sensibilidade para fazer correções, melhorar a técnica legislativa, ajustar parâmetros e atender setores cruciais para o desenvolvimento do país”, afirmou Lira.
Outro projeto complementar que trata da reforma tributária e estabelece o funcionamento de um comitê gestor está previsto para votação em agosto, conforme anunciou o presidente da Câmara.
Pressão
Vários setores exerceram pressão por taxas de impostos mais favoráveis. O mercado imobiliário, por exemplo, solicitou desconto de 60% nas taxas do IBS e CBS, enquanto o Ministério da Fazenda sugeriu desconto de 20%.
O setor de saúde animal também buscou tratamento equivalente ao oferecido aos serviços de saúde humana, com desconto de 60% nas alíquotas dos impostos.
O mercado de produtos pet alertou os membros do grupo de trabalho sobre um possível aumento significativo da carga tributária decorrente da reforma, o que poderia pressionar os preços do setor.
Alíquota
A proposta inicial do governo prevê uma taxa média de 26,5% para o IVA. Contudo, quaisquer ajustes no texto poderão alterar essa alíquota para cima ou para baixo.
Membros do grupo de trabalho afirmaram nas últimas semanas que o objetivo é manter a taxa sem alterações significativas.
“Temos limites para manter um nível de alíquota o mais baixo possível. Veio do governo em torno de 26%, se pudermos vamos reduzir ou manter. Mas o nosso trabalho é reduzir a alíquota geral para todos”, afirmou Lira.
Configurações
O grupo de trabalho fez ajustes na tarifa nas últimas semanas. A discussão mais intensa ocorreu em torno da carne. Deputados que trabalham na regulamentação da reforma tributária afirmam que já trabalhavam para encontrar formas de eliminar os impostos sobre esse tipo de alimento, colocando-o como item da cesta básica.
Mas o grupo não gostou da pressão exercida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que exigiu publicamente que a carne “que o povo come” fosse isenta.
“Acho que precisamos colocar a carne na cesta básica, sim, sem impostos. Você pode separar a carne, pode selecionar a carne. Lula.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se manifestou contra as declarações do chefe do Planalto.
“Não há polêmica em relação à carne. Nunca houve proteína na cesta básica. Se couber, teremos que ver o quanto a inclusão representa na alíquota que todos vão pagar”, disse.
Ele continuou: “Só a proteína, a carne dá quase 0,57% de alíquota de imposto. É um preço alto para os brasileiros.”
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