Espectadores em uma ponte sobre o rio Sena observam a passagem de um barco que transportava a delegação israelense durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, em 26 de julho de 2024
Nir Elias
Os atletas israelitas participam nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 sob forte protecção no contexto da guerra em Gaza, uma situação que por vezes perturba a sua vida quotidiana, mas têm orgulho em representar o seu país.
A delegação israelense de 88 membros é protegida por unidades de elite da polícia francesa e da gendarmaria, tanto dentro da Vila Olímpica quanto em cada partida para as competições.
“Temos guardas armados conosco 24 horas por dia, 7 dias por semana”, descreveu a amazona Ashlee Bond, que competiu no evento de salto em equipe.
“O local onde estamos hospedados é como uma fortaleza. Não podemos sair da aldeia desacompanhados. E não podemos ir a lado nenhum, a não ser da aldeia até ao local da competição e vice-versa”, afirma.
Até a manhã deste domingo, Israel já havia conquistado seis medalhas (uma de ouro, quatro de prata e uma de bronze), um recorde em sua história olímpica.
Uma delas foi vencida pelo judoca Peter Paltchik, um dos porta-bandeiras da delegação, na categoria até 100 kg. “Dedico minha medalha a todas as famílias do meu país (que perderam parentes), elas estão comigo, no meu coração”, disse Paltchik na quinta-feira.
“Eles me acompanharam ao longo deste dia e espero tê-los deixado pelo menos um pouco felizes”, acrescentou.
O judoca foi criticado por ter postado no X de outubro uma foto de bombas israelenses acompanhada da mensagem – “Minha, com prazer”. Uma mensagem que ele retirou e da qual não quis falar depois da medalha.
Para os atletas israelitas, parece impossível ignorar a guerra em Gaza.
Quase 40 mil palestinos, a maioria deles civis, morreram em mais de 10 meses de represálias israelenses contra o território palestino, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas.
Perante este cenário, associado ao aumento das tensões com o Irão e o grupo libanês Hezbollah, os atletas israelitas permanecem vigilantes.
Um ataque cibernético expôs informações pessoais confidenciais de alguns deles nas redes sociais.
Ameaças de morte também foram enviadas a vários atletas de Israel, que ainda está traumatizado pela trágica tomada de reféns pela organização palestiniana Setembro Negro nos Jogos de Munique de 1972.
O chefe da delegação, Yaël Arad, manifestou confiança nas medidas de segurança para proteger os seus atletas.
Estes, por sua vez, procuram evitar fazer declarações que possam estimular um gatilho.
“Se você for um pouco esperto, perceberá que este é um assunto delicado e que não é nossa função como atletas meter o nariz nisso”, diz o piloto Robin Muhr.