A surfista Tatiana Weston-Webb é a representante brasileira nas finais da WSL. Já na Califórnia, o atleta concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (4) para falar sobre a preparação para o evento que decide os campeões mundiais da temporada 2024. Ela estreia contra Molly Picklum, da Austrália.
Questionada sobre a importância de conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris, Tati parecia preparada para a final.
– Estou num momento muito bom da minha carreira, com muita confiança. Sinto-me leve, super bem e minhas pranchas estão ótimas. Estou gostando muito do meu surf, então é só uma questão de me adaptar e tomar boas decisões no dia. Há uma chance! – começou Tati.
O brasileiro enfrenta um desafio ainda maior e precisa construir boas estratégias para passar por todas as baterias do evento e conquistar o título mundial.
– Sei que serão várias eliminatórias para chegar à final, mas acho que é possível. Stephanie Gilmore fez isso uma vez, então por que eu não poderia? Não tenho muita estratégia, tenho certeza que é um caminho longo, mas possível. Fisicamente, não sabia que chegaria à final. Tivemos uma pré-temporada incrível. Eu estava me sentindo muito bem nas Olimpíadas, mas já faz um mês e não estou treinando tanto. Participei de muitas conferências de consultoria, tive que viajar para Paris e depois para Fiji. Realmente não houve muita preparação, mas tenho certeza que é possível e confio no meu corpo para dar conta do recado – revelou Webb.
Tati evitou a pergunta sobre o favorito para vencer a Final e foi enfática na resposta.
– Não estou pensando nas outras pessoas, só em mim. Meu foco é a primeira bateria contra Molly Picklum, e não adiante – comentou ela.
Tatiana Weston-Webb pode se tornar a primeira brasileira medalhista olímpica e vencedora das finais da WSL no mesmo ano. O surfista foi questionado se há aumento de pressão na WSL por conta da vitória em Teahupo’o.
– Eu não sinto isso. Na verdade, é o oposto. Sempre foi meu sonho ganhar uma medalha olímpica, seja ela qual for. Agora é um sonho tornado realidade. Depois disso, acho que a pressão que eu estava sentindo caiu muito. Espero que isso aconteça aqui em Trestles novamente. Me sinto super leve, confiante e orgulhosa de ter alcançado meu sonho – explicou ela.
A temporada de 2024 foi dividida em três partes. A primeira, pré-Jogos Olímpicos, a segunda, nas Olimpíadas, e a conclusão com as Finais da WSL. Webb falou sobre a preparação física e mental para o evento na Califórnia.
– Foi um ano louco! Já estávamos um pouco acostumados com dois campeonatos na mesma temporada (previsto para 2021). Estou me preparando desde o ano passado. Física e mentalmente, conversar muito com meu psicólogo durante esse período me ajudou a manter minhas emoções elevadas e felizes. Tive que fazer esse ajuste na cabeça para focar no CT, nas Olimpíadas, uma competição completamente diferente e, depois, no final da temporada na WSL. Acho que me saí bem nesse processo, não fiz sozinho. Confiei muito na minha equipe, coloquei muita energia positiva nisso. Sempre acreditei em mim e que isso era possível – comentou Tatiana.
O brasileiro será o primeiro a entrar na água na final. Mesmo assim, ela sente que conseguirá chegar até o encontro com Caitlin Simmers.
– Não tenho nada a perder aqui. Estou em quinto lugar, então só posso melhorar e vencer. Estou ótima e sei que será um longo caminho, mas tudo é possível – analisou.
As condições em Trestles não são as que Tati mais gosta. Mesmo com ondas menores, ela diz estar preparada para superar as adversidades.
– Todo mundo sabe que gosto de condições um pouco maiores e mais pesadas. Mesmo assim estou me sentindo confiante com meu surf e acho que melhorei bastante nas ondas pequenas. É uma boa oportunidade para mostrar isso – explicou Webb.
As Olimpíadas de Paris 2024 deixam um enorme legado para o surf feminino brasileiro. A medalha conquistada por Tatiana Weston-Webb permite um investimento maior no futuro do esporte.
– Essa medalha de prata foi muito especial, meu melhor momento na carreira. Espero inspirar a nova geração brasileira a acreditar em seus sonhos. Tenho certeza que várias garotas farão sucesso no mundo do surf. Temos uma boa base no “Dream Tour”, o futuro do surf feminino vai florescer! – Ela comentou animada.
Com duas participações em finais da WSL em sua história, Tatiana tenta alcançar a glória do surf usando sua pesada bagagem.
– Foi uma experiência única em 2021. Lutar três baterias antes de outras três na final contra o Carissa foi um dia ótimo e ruim ao mesmo tempo. Eu acreditei que daria certo para mim, mas não deu. Às vezes é difícil entender o porquê. Quero aproveitar essa experiência de 2021 e 2022 para colocar tudo em 2024 – analisou o surfista.
A WSL viveu uma década de extremo domínio da “Tempestade Brasileira” na categoria masculina. Tatiana pode ser a primeira brasileira a conquistar o título mundial de surf, mas não quer que a pressão afete seu desempenho.
– É uma honra poder representar o Brasil na final. Junto com o Ítalo farei o possível para conquistar o título e levar um troféu ao país, esse é o objetivo. É uma oportunidade incrível ser o primeiro brasileiro a conquistar o título mundial. Espero cumprir esse objetivo, mas sei que será um longo caminho. Eu não coloco muita pressão sobre mim mesmo. Já tive essa pressão em 2021 e 2022, então agora estou gostando. Espero poder mostrar o surf para vencer cada bateria. Vamos com tudo! – Ela respondeu, com um sorriso no rosto.
Webb foi questionada sobre sua preferência entre um título mundial em 2024 e um ouro olímpico em 2028.
– Depois de ter conquistado a prata (nos Jogos de Paris), conquistar um título mundial seria incrível. Eu não quero ser preguiçoso! Sou grato por ter a oportunidade de representar nosso país e fazer o que amo, que é o surf. É isso que vou fazer – analisou Weston-Webb.
Finalizando a entrevista, o surfista comentou sobre as polêmicas da arbitragem que tiraram a chance de Tati conquistar o ouro olímpico.
– No mundo do surf não temos muito controle. É um esporte muito subjetivo, é quase uma arte. Temos que buscar o nosso melhor, julgando e surfando. Faz parte da evolução do esporte. Às vezes os jurados erram as notas, mas estão nos ouvindo e fazendo o possível para evoluir e dar boas notas, que é o trabalho deles. Nós fazemos o nosso trabalho e eles também. Não gosto de prestar muita atenção em notas ou julgamento – revelou o brasileiro.
Tatiana Weston-Webb aguarda o início da etapa que define o ranking da temporada 2024 da WSL. O Brasil torce para que ela conquiste o título inédito na categoria feminina.