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Os sites de redes sociais nos ensinaram algo importante: como é complicado e doloroso para o corpo e a mente sobreviver nesta época de extremos.
O algoritmo da mídia social incentiva e favorece respostas extremas a qualquer coisa, seja ela positiva ou negativa. Vemos como isso afetou negativamente as amizades, as parcerias de trabalho e até mesmo as relações familiares.
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Quase todos os dias também vemos posts e postagens que nos incentivam a ter uma relação com a comida seguindo esta ideia: perder muitos grupos alimentares ou sugestões como “coma tudo o que você puder dizer em um dia” e depois jejue nos dias seguintes.
As redes sociais e a alimentação são apenas dois exemplos cotidianos desta época que glorifica o excesso.
Você conhece a frase “nem tanto no mar, nem tanto em terra”? Acho que o caminho do meio, para tudo, é a melhor saída da nossa vida e da nossa saúde mental.
Eu, que trabalho com alcoolismo, sou um dos que vem defendendo a igualdade nas relações com o álcool e na vida.
Não é da noite para o dia que começamos a adotar uma atitude e um comportamento equilibrado, porque isso exige de nós uma constante autodisciplina, autocuidado e autoexame, algo que não é fácil de fazer porque o mundo lá fora (nosso trabalho, as próprias redes sociais, etc.)) têm exigido mais atenção do que o nosso mundo interior.
Além disso, vivemos num mundo que nos encoraja a perseguir objectivos extremos; por exemplo, coisas que uma pessoa alcançou e que muitas vezes são difíceis de alcançar.
Porém, seguir o caminho do meio pode ser um ótimo aprendizado e trazer benefícios à nossa saúde mental. Primeiro, pode nos trazer mais equilíbrio e evitar que vivamos em constante estado de agitação mental e emocional.
Também pode nos encorajar a não comer demais (e aqui não estou falando apenas de álcool, mas também de comida e compras). Isso nos ajuda a ter uma vida saudável (saúde física é saúde mental) e, como bônus, pode até contribuir para o cuidado do meio ambiente.
Como aceitar o caminho do meio? Acho que o primeiro passo é priorizar o seu cuidado. Olhando para nós mesmos, poderemos perceber se há algo excessivo na vida. Cuidando de nós mesmos, poderemos estabelecer limites melhores.
Outro passo importante é criar um bom relacionamento com as telas. Quase todos os estudos nos mostram que temos uma forte relação com eles, o que tem um grande impacto na saúde mental, na capacidade de concentração, na lembrança, na autoconfiança, etc.
De tempos em tempos, reveja seus hábitos e suas opções. Você ficaria surpreso com o quanto acrescentamos à vida que não nos traz muitos benefícios.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem necessariamente a opinião da Forbes Brasil e de seus editores.
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