Acesso
Como estudante de educação, e à frente da organização De Olho no Material Escolar desde 2021, estou sempre atento às questões, exemplos e paradigmas da área, no Brasil e em outros países. Mesmo durante as férias, confesso, procuro conhecer as experiências exitosas da educação infantil, sempre penso como isso pode mostrar caminhos para chamar a atenção e capacitar nossos alunos.
O tema é importante e urgente. Sem incluir uma educação de qualidade em larga escala, o país perderá oportunidades para as novas gerações e poderá prejudicar a sua competitividade num ambiente cada vez mais competitivo, onde o mercado necessita de profissionais capacitados para exigências complexas. Estamos a falar de um mundo de inovação hiperconectado e globalizado, onde tecnologias como a Inteligência Artificial “big data” já são uma realidade.
Leia de novo
Muitas vezes existe uma lacuna entre o que vemos na Europa, nos Estados Unidos ou na Austrália e as idiossincrasias que temos aqui. Os nossos desafios estruturais vão desde a falta de infra-estruturas nas escolas, até lacunas na formação de professores, questões de insegurança, má gestão de recursos e políticas públicas insustentáveis. A disparidade geográfica entre redes públicas e privadas é outro ponto difícil. Por outro lado, há exemplos de excelência no sistema educacional brasileiro que deixariam – qualquer país bem organizado em exames internacionais – que se tenta muito copiar a fórmula do sucesso.
O resultado fica visível na classificação do Brasil em avaliações internacionais, como Pisa e Pirls, onde tivemos posições baixas. Outras consequências são a taxa de abandono escolar e o número de jovens “sem instrução, desempregados ou sem procura de trabalho”, entre os 14 e os 24 anos. No primeiro trimestre de 2024, além das pessoas que desempregaram o mesmo idade, ou seja, aqueles que estão pelo menos procurando emprego, são 8,6 milhões de pessoas.
Como lidar com isso? Há vários meses acompanhamos a construção da Política Nacional de Educação (PNE), que norteará as políticas e estratégias do setor para os próximos dez anos.
Recentemente, o Ministério da Educação apresentou ao Governo Federal sua proposta de Projeto de Lei, que ainda precisa tramitar no Congresso. Vemos avanços em relação às etapas anteriores, mas continuamos preocupados com a capacidade do Plano de enfrentar os seus maiores desafios e melhorar o futuro das crianças e dos jovens.
A boa notícia, concordam os especialistas com quem trabalhamos, é que alguns países conseguiram mudar a educação num período de tempo relativamente rápido – por vezes uma geração – e estão a ocupar posições de destaque na avaliação internacional. É o caso de Singapura, que emergiu de um passado de pobreza e analfabetismo para sair vitoriosa no último PISA, que avalia o pensamento criativo de estudantes de 64 países. Ou a Coreia do Sul, devastada pela guerra civil, é hoje um país. força. Da mesma forma, investiram forte e sistematicamente neste sector, que é visto como uma política Nacional.
Repito: não precisamos sair do Brasil para ter bons exemplos de educação prática. Existe uma rede social dos municípios cearenses, pontos importantes em competições internacionais. Precisamos transformar esses nichos de excelência em modelos a serem copiados, desde que adequadamente adaptados às condições locais.
Não existe um modelo econômico ou plano social que por si só garanta que o Brasil atingirá todo o seu potencial de geração e geração de riquezas e oportunidades pessoais e profissionais nos próximos anos. Precisamos de levar a sério o desafio da educação de qualidade para todos, como a única forma possível de atingir este objectivo. A educação deveria estar no radar de todos.
*Letícia Jacintho é pecuarista, filha de produtor rural, cofundadora e presidente da associação De Olho no Material Escolar. Ele também é vice-presidente da Gestor de negócios, passou por instituições como Credit Agricole e bancos BBM.
Escolha dos editores