Jung Yeon-je
Um sindicato que representa dezenas de milhares de funcionários da Samsung Electronics na Coreia do Sul anunciou nesta quarta-feira (10) uma “greve geral por tempo indeterminado” para forçar a administração da gigante de tecnologia a negociar aumentos salariais.
A greve, a maior da história da empresa, aumenta a pressão sobre a empresa, que na semana passada anunciou a previsão de aumento significativo do lucro operacional no segundo trimestre.
A Samsung Electronics é a maior fabricante mundial de chips de memória e responsável por uma parcela significativa da produção global de chips de ponta usados em Inteligência Artificial (IA) generativa.
Mais de 5 mil sindicalistas iniciaram nesta segunda-feira (8) uma greve geral de três dias como parte da luta por aumentos salariais e outros benefícios.
“Declaramos uma segunda greve geral, por tempo indeterminado, a partir de 10 de julho, depois de entendermos que a administração não está disposta a conversar após a primeira greve”, afirmou o Sindicato Nacional de Eletrônicos da Samsung em comunicado.
O sindicato, que conta com mais de 30 mil associados, representando mais de 20% do quadro funcional da empresa, já realizou em junho uma greve de 24 horas, a primeira na história da empresa, que não teve sindicato até 2019.
A Samsung disse à AFP na quarta-feira que a paralisação não afetará a produção.
Avril Wu, analista do grupo de pesquisa TrendForce, com sede em Taipei, disse à AFP que é improvável que a greve tenha impacto porque as fábricas de semicondutores são altamente automatizadas e a demanda real de mão de obra é baixa.
“Mesmo que a greve se prolongue, a avaliação atual é que não terá um impacto significativo”, disse.
– “Acreditamos na vitória” –
“A Samsung Electronics garantirá que não haja interrupções nas linhas de produção”, disse um porta-voz da empresa. “A empresa continua comprometida em manter negociações de boa fé com o sindicato”, acrescentou.
Mas o sindicato disse em comunicado que confirmou “uma clara interrupção na produção e a gestão irá arrepender-se”.
“No final, eles vão se ajoelhar e aparecer na mesa de negociações. Acreditamos na vitória”, acrescentou o sindicato, que apelou à participação de mais trabalhadores.
A empresa está envolvida em negociações com o sindicato sobre salários e benefícios desde janeiro.
As reivindicações divulgadas esta quarta-feira incluem um aumento salarial de 5,6% para todos os sindicalistas, bónus transparentes com base nos rendimentos, compensação pelas perdas económicas sofridas com a greve e um dia de folga na data de aniversário do sindicato.
A Samsung Electronics conseguiu impedir a sindicalização de seus funcionários por quase 50 anos – às vezes com táticas consideradas cruéis, segundo os críticos – enquanto se tornava a maior fabricante mundial de smartphones e semicondutores.
O fundador da empresa, Lee Byung-chul, falecido em 1987, opôs-se veementemente aos sindicatos e disse que nunca os permitiria.
Após a fundação do primeiro sindicato em 2019, Lee Jae-yong, neto do fundador e atual presidente da empresa, declarou o fim do princípio da não sindicalização em 2020.
A Samsung Electronics é a principal subsidiária do Grupo Samsung, o maior dos conglomerados que dominam os negócios na quarta maior economia da Ásia.