SEBASTIEN BOZON
Lançada no início de maio em Marselha, a passagem da tocha olímpica foi ofuscada pela agitação política na França. Visitar Paris no domingo e na segunda-feira pode ajudar a reacender o entusiasmo da cidade pelos Jogos.
O percurso também foi pensado para que a chama acesa em Olímpia (Grécia) fique na cidade-sede dos Jogos no dia 14 de julho, feriado nacional francês.
Esta passagem de dois dias será um aperitivo para os parisienses antes que o revezamento termine em 26 de julho, dia da cerimônia de abertura olímpica, e acenda a pira nos Jardins das Tulherias, a poucos passos do Museu do Louvre.
No percurso entre domingo e segunda-feira, o revezamento passará por alguns dos monumentos mais emblemáticos da cidade: Panteão, Notre-Dame, Praça da Bastilha, Museu Pompidou, Sacré Coeur, Arco do Triunfo…
No total serão 540 revezamentos, com trechos de 200 metros cada, para mostrar aos parisienses e visitantes o fogo que simboliza os Jogos Olímpicos.
O revezamento é acompanhado por outros eventos festivos, com concertos, corais e animações diversas.
Entre os substitutos estarão cidadãos desconhecidos mas também inúmeras personalidades, do desporto mas também da cultura.
– Thierry Henry, o primeiro –
A chama iniciará seu percurso no domingo, durante o desfile militar do dia 14 de julho, escoltada pelos cavaleiros e por Thibaut Vallette, campeão olímpico de hipismo no Rio 2016.
Thierry Henry, técnico da seleção olímpica francesa de futebol masculino, será então o encarregado de retirá-la da Champs-Élysées.
Lá você iniciará um passeio pela cidade, desde a Assembleia Nacional até a Catedral de Notre-Dame, passando pelo Senado e pela Universidade Sorbonne, antes de seguir para o norte da cidade e retornar ao centro.
No final do dia, a chama chegará ao Hôtel de Ville, Câmara Municipal da cidade, antes dos tradicionais fogos de artifício do dia 14 de julho na Torre Eiffel.
O Champ de Mars não estará acessível ao público este ano para assistir aos fogos de artifício porque será a sede dos Jogos. A Câmara Municipal de Paris insistiu nos últimos dias que o espetáculo só será visível de longe ou pela televisão.
A chama passará a noite de domingo para segunda-feira nos salões dourados do Hôtel de Ville e na segunda-feira fará outro passeio por Paris.
Nesta viagem você passará, por exemplo, pelo bairro de Montmartre. Depois da igreja de Sacré Coeur, o revezamento descerá até o Moulin Rouge, onde seus dançarinos o cumprimentarão com seu ‘cancan’ francês.
– Esqueça a situação política –
Desde que chegou a Marselha, em 8 de maio, a chama olímpica atraiu cerca de 5 milhões de espectadores ao longo do seu percurso.
No entanto, a dissolução da Assembleia Nacional em 9 de junho “fez desaparecer os atuais Jogos Olímpicos” em França, avalia David Roizen, especialista da Fundação Jean Jaurès.
A França estava imersa em eleições legislativas, com a primeira volta a 30 de junho e a segunda a 7 de julho.
Os especialistas acreditam que os Jogos poderão agora servir para fazer os franceses esquecerem os acontecimentos políticos actuais.
“Para muitos franceses que estão preocupados, ou que estavam, os Jogos representam uma espécie de pausa, de entretenimento, antes que assuntos sérios voltem ao noticiário”, avalia Paul Dietschy, historiador do esporte da Université de Franche-Comté.