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Qual o papel do agronegócio no combate à fome? Recentemente, o grupo Forbes Mulher Agro e a organização Pacto Contra a Fome confirmaram sua colaboração no combate à escassez de alimentos no Brasil.
Em entrevista com a fundadora da aliança, Geyse Diniz, comentei como o setor do agronegócio tanto precisa, como podemos nos tornar os maiores produtores e exportadores mundiais de muitos produtos e ainda termos uma parcela da população em termos. de comida. insegurança em nosso país. Entendemos que a agricultura deve fazer parte desse movimento.
De acordo com o artigo acima, “E se o Brasil não fosse um país produtor agrícola?”, nossos cidadãos teriam que pagar ainda mais, até mesmo por alimentos básicos, como arroz e feijão. A Embrapa revelou que, ajustado pela inflação, o preço da cesta básica em São Paulo diminuiu 43,17% de 1974 a 2021. Além de reduzir custos, o agronegócio aumentou a oferta sustentável de alimentos. Mesmo com o aumento dos preços dos alimentos em todo o mundo, a produção do país tem ajudado a evitar o aumento dos preços, portanto, a agricultura tem sido um factor importante para garantir que haja alimentos seguros para os nossos cidadãos.
Porém, numa perspectiva global, entendemos que o problema é muito grande.
Na recente reunião do COSAG (Conselho Superior de Agronegócios da FIESP), o coordenador do Insper Agro Global, professor Marcos Jank, proferiu palestra em colaboração com o (IICA) Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, sobre a relação entre fome e desnutrição, comércio e segurança alimentar.
Segundo o professor Jank, a insegurança alimentar mundial afecta 30% da população (considerando a insegurança alimentar moderada e grave), a África afecta 61% da população, a América Latina 38%, a Ásia 24% e a América do Norte e Europa 8%.
Levando em conta a insegurança alimentar moderada e grave, para manter uma comparação com o resto do mundo, dados do Pacto Contra a Fome mostram que no Brasil esse número chega a 9,6% da população, ou seja, 20,6 milhões de pessoas.
Dados do IBGE mostram que 64,2 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, num total de 3 níveis, em 2023. Segundo a FAO, a insegurança alimentar é definida como “uma situação em que as pessoas não têm acesso seguro a um nível adequado de proteção, alimentos nutritivos para o crescimento e desenvolvimento normais e uma vida ativa e saudável.”
No capítulo Geopolítica da Fome, apresentado no estudo, a insegurança alimentar é um problema persistente e global, afetando especialmente grupos de baixa renda. O alto custo de certos alimentos reduz a nutrição; Os alimentos nutritivos, como a carne e os vegetais, são caros e não estão facilmente disponíveis nos países em desenvolvimento.
O estudo destaca também que as principais causas da insegurança alimentar são os conflitos, as guerras e a instabilidade, seguidas do stress económico e dos acontecimentos climáticos. A insegurança alimentar global esteve em declínio até 2020, no entanto, a pandemia, os conflitos na Europa e o aumento dos preços tiveram um impacto negativo no mapa da fome.
Segundo Jank, o comércio internacional é essencial para expandir a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, redistribuir a produção alimentar, coordenar os sistemas alimentares, transferir os alimentos dos excedentes para áreas de escassez, criar cadeias alimentares sustentáveis, estabilizar os preços, garantir alimentos seguros e proporcionar uma produção cada vez mais sustentável. lugares.
Segundo dados do Pacto contra a Fome, o ciclo da fome inicia-se com o crescimento das despesas públicas e privadas, seguido de baixo desenvolvimento económico, o que resulta em baixos indicadores da economia pública (PIB, saúde e educação). A fraca capacidade de investimento público cria as causas profundas da fome, da insegurança alimentar e da pobreza extrema.
Mas como pode a agricultura ajudar a combater a escassez de alimentos?
Existe um debate internacional que está muito envolvido neste assunto, pensa-se que mais de 860 milhões de pessoas estão em risco alimentar no mundo. Precisamos de políticas públicas que possam evitar esta tragédia. Hoje existem países como o Brasil e a América Latina, que são considerados mais uma solução do que um problema, pois são muitos produtores e exportadores, contribuindo para a redução da escassez de alimentos em todo o mundo.
Porém, o Brasil perde 29,7% de sua produção de alimentos. Há uma vantagem em relação a países desenvolvidos como os EUA (19,3%) e a Europa (18,8%). Segundo o Pacto, outras medidas são importantes para tirar o Brasil da escassez de alimentos, incluindo a implementação de políticas sociais que promovam o acesso ao trabalho e à renda, possibilitando uma alimentação adequada.
Na perspectiva do agronegócio, podemos e devemos reduzir o desperdício (perda de 29%) do campo para a mesa, começando pelo preparo da colheitadeira, transporte, armazenamento, distribuição e comercialização de alimentos. Outra questão será promover programas de agricultura de subsistência, a integração da agricultura familiar e dos centros urbanos, o acesso ao crédito e ao seguro rural para os pequenos produtores com o objetivo de adotar tecnologias que garantam que as pessoas consigam resistir aos problemas climáticos e às oscilações de preços. .
Em termos de marketing, é possível inovar a rotulagem dos alimentos para reduzir o desperdício, ligando as empresas aos bancos alimentares, que atendem atualmente apenas 3% das pessoas em situação de insegurança alimentar.
As FMA estão nessa luta, assim como todo o setor do agronegócio, que continua sendo a espinha dorsal da economia brasileira. Este setor ajuda a reduzir a escassez de alimentos ao empregar 30% dos trabalhadores ativos, produzir alimentos a preços baixos, a produção nacional contribui para combater a inflação e equilibrar a balança comercial do Brasil.
*Helena Jacinto É engenheiro de alimentos de formação e trabalhou por mais de 15 anos na Fazenda Continental, Fazenda Regalito e no departamento de seleção genética da Brahmânia Continental. Ele estudou Negócios para Empreendedores na Universidade do Colorado e é juiz de morfologia na ABCZ. Também estudou marketing e agronegócio.
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