O Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), o texto base do projeto que amplia o alívio da folha de pagamento para empresas 17 setores e municípios. Com 253 votos a favor e 67 contra, a proposta permitirá que estas empresas continuem com a redução de encargos até ao final de 2024, enquanto a reoneração será feita de forma gradual até 2028.
A medida abrange os setores que mais geram empregos no Brasil, como indústrias de couro, calçados, proteínas e serviços como TI e comunicação. No caso dos municípios menores, com até 156 mil habitantes, o processo de transição será mais demorado, terminando em janeiro de 2027.
A proposta já havia sido aprovada pelo Senado em agosto e cumpriu o prazo imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que o Congresso aprovasse o texto até esta quarta-feira. O projeto também inclui mecanismos para compensar perdas de receitas causadas pela isenção, detalhados abaixo.
Como funciona a isenção:
Atualmente, empresas de 17 setores podem substituir a contribuição previdenciária de 20% sobre os salários por uma alíquota que varia entre 1% e 4,5% sobre a receita, dependendo da categoria. Este modelo, que favorece a criação de emprego, está a ser prorrogado até ao final de 2024.
Transição até 2028:
A partir de 2025, o reônus será gradual, começando com 5% sobre a folha de pagamento e redução proporcional na alíquota sobre a receita. Até 2028, a contribuição previdenciária voltará a ser integral, encerrando a isenção.
Medidas de compensação:
O projeto prevê medidas para compensar as perdas fiscais do governo. Entre elas estão a renegociação de multas empresariais junto aos órgãos reguladores, a regularização de recursos retidos no exterior e a atualização do valor dos imóveis no Imposto de Renda. Também inclui um novo imposto sobre compras internacionais de até US$ 50, à alíquota de 20%.
Uma das propostas que gerou debate foi a utilização de R$ 8,5 bilhões em recursos esquecidos nas instituições financeiras, mas o Banco Central argumentou que esse valor não pode ser usado para calcular o resultado primário do governo. Para superar isso, será acrescentada uma alteração esclarecendo que esses valores serão contabilizados, mas não para o resultado fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, discutiram as considerações do Banco Central e chegaram a um acordo que impede que a proposta retorne ao Senado, acelerando sua sanção.
A aprovação representa uma medida importante para manter empregos em setores estratégicos e mitigar os impactos fiscais, equilibrando os benefícios da isenção com novas fontes de receita para o governo.