ANDREW CABALLERO-REYNOLDS
Os Estados Unidos apresentaram nesta sexta-feira (13) uma lista detalhada de novas tarifas sobre a importação de produtos chineses de setores “estratégicos”, como semicondutores e até carros elétricos, que serão tributados em 100%.
As novas tarifas, que incluem um imposto de 25% sobre baterias de automóveis elétricos e um imposto de 50% sobre painéis solares e semicondutores, entrarão em vigor no dia 27 de setembro. No caso dos semicondutores, a tarifa será de 50% a partir de 1 de janeiro de 2025. .
As novas medidas “visam combater as políticas e práticas prejudiciais da República Popular da China que afetam negativamente os trabalhadores e as empresas norte-americanas”, disse a representante comercial Katherine Tai num comunicado.
Os aumentos foram anunciados em 14 de maio pelo presidente Joe Biden. Esta sexta-feira, um documento com cerca de 100 páginas detalha os produtos que serão afetados, as percentagens impostas e as datas em que as medidas entram em vigor.
As tarifas deverão afetar cerca de 18 bilhões de dólares (R$ 101,7 bilhões a preços correntes) em importações anuais da China em setores considerados “estratégicos”. Os impostos de Trump atingiram produtos avaliados em torno de 300 bilhões de dólares (R$ 1,7 trilhão a preços correntes).
“Estas ações destacam o compromisso da administração Biden-Harris em defender os trabalhadores e empresas americanas contra práticas comerciais injustas” por parte da China, disse Tai, em meio ao avanço da campanha eleitoral nos Estados Unidos.
– Eleições –
Esta é uma questão política, a menos de dois meses das eleições presidenciais, cujo resultado promete estar muito próximo.
As novas tarifas seguem as implementadas por Donald Trump durante a sua administração (2017-2021) e que foram mantidas por Joe Biden.
Na terça-feira, durante o primeiro debate televisivo entre Kamala Harris e Trump, a atual vice-presidente criticou o seu rival por ter “lançado guerras económicas” contra a China e a União Europeia.
O antigo presidente republicano respondeu que a administração democrata “nunca removeu as tarifas (que implementou) porque representam tanto dinheiro que não podem” ser removidas.
Se for eleito em Novembro, Trump pretende aumentar ainda mais as taxas.
Harris, apesar do aumento das tarifas que o seu governo detalhou esta sexta-feira, denunciou que as medidas de Trump constituem um “imposto sobre o consumo” que afetará os americanos.
– “Trapaceando” –
A China “trapaceia” e “não deixaremos que inunde o nosso mercado”, prometeu Joe Biden em maio ao anunciar a nova rodada de tarifas.
O presidente afirmou ainda que os Estados Unidos “nunca” permitirão que a China controle o mercado de veículos elétricos, no qual as montadoras americanas consideram “impossível” competir “honestamente” com o gigante asiático.
As medidas anunciadas esta sexta-feira visam também excluir alguns produtos que chegam ao país ao retalho da isenção de impostos aduaneiros, essencialmente devido ao crescimento de vendedores como Shein e Temu, que vendem mercadorias a preços baixos diretamente da China.
A decisão poderá ter consequências para a maioria das importações de têxteis e vestuário do gigante asiático.