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Tuite, que dirige a Casa da Gamboa, Buenos Aires
Eduardo Tuite não é enólogo nem agrónomo. Mas ele cresceu em Venado Tuerto, um vilarejo da Argentina, em uma típica família de agricultores. Mudou-se para Buenos Aires, estudou economia e fundou uma agência de viagens especializada em turismo. E em reconhecimento do crescente interesse estrangeiro pelo vinho, fundou uma adega perto da capital do país. Foi assim que nasceu a Casa Gamboa.
“Queria fazer algo relacionado com o enoturismo. Quando iniciei esse projeto, meu objetivo era estar próximo da capital, com fácil acesso, e garantir uma experiência de primeira”, afirma o empresário. Localizado entre Cardales e Campana, a 45 minutos da capital argentina, o vinhedo de cinco hectares está rodeado por florestas naturais, campos, vinhas, choupos e um lago. Quando iniciou o projeto, há 14 anos, investiu US$ 1 milhão (R$ 5,1 milhões, na cotação atual) – incluindo compra de terrenos, máquinas e fábricas. Tuite diz que o início foi um momento de muitos erros, mas também de aprendizado.
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Naquela época não existiam muitos projetos de viticultura na província de Buenos Aires, pois até 1998 era proibido plantar vinhedos fora da região de Cuyo. Tuite plantou as primeiras uvas em 2010 e “não foi fácil”, afirma. Até que adicionou à equipe Enrique Mirazo, agrônomo com experiência em vinhedos do Uruguai e sul do Brasil.
“Tivemos que aprender a fazer vinho na província de Buenos Aires – que é diferente do estilo Mendoza –, encontrar plantas e instalar irrigação, porque no primeiro ano não fiz isso e estragou”, disse Tuite. , acrescentou: “Foi um processo muito longo; não vemos os resultados no vidro até a colheita de 2021.”
A vinha produz principalmente Malbec, Cabernet Franc e Pinot Noir, bem como Bonarda, Movere, Sauvignon Blanc, Merlot, Riesling e Chardonnay, em solos argilosos. Possui uma adega com capacidade para 25 mil litros e, neste período, atingirá 15 mil litros de produção. “É um vinhedo que começou como projeto experimental e agora é uma vinícola”, diz Tuite. Ele observa que, devido à sua formação turística, seguiu um caminho diferente das antigas vinícolas: plantou uvas, montou um restaurante e construiu uma vinícola.

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Vinícola Casa da Gamboa, perto de Buenos Aires
“A oferta gastronómica da Casa Gamboa é pensada como uma experiência: comer com intenção de vinho e saborear os pratos e copos que chegam à mesa”, afirma. A oferta gastronômica está nas mãos do chef irlandês Edward Holloway, que mora em Mendoza, mas também tem outros planos. O cardápio é apresentado em seções, como se faz nas bodegas da região de Cuyo, mas se diferencia por ser considerado um “tapeo” (tábua de grãos).
A experiência se completa com o vinho Gamboa de Campana, além de edições limitadas e drinks de rincones especiais da Argentina. Os enólogos Karim Mussi, Santiago Achával e Agustín Lanús buscaram seus melhores preços nesses rótulos. Hoje, recebem cerca de dois mil visitantes por mês. “O mix é de 50% por 50%, temos muitos turistas de fora, mas também muita gente da região”, afirma.
Outra maneira de fazer negócios em Buenos Aires
Para este ano, Tuite está planejando US$ 950 mil (cerca de R$ 5 milhões). A maior parte do negócio está relacionada com o enoturismo. Mas também há outro lugar: Mi Finca Gamboa. Isto inclui a venda de fincas (partes de terreno), onde o vinho pode ser cultivado com a sua própria marca. Ele diz: “Lançamos em novembro de 2022 como um projeto para reunir amigos e hoje é um negócio em crescimento, com 100 terrenos vendidos”.
Com títulos de 30 anos, com 50 vinhas por lote, podem ser produzidas até 150 garrafas por ano. O preço gira em torno de US$ 15 mil (R$ 75 mil) e os anos seguintes cobrem o custo de produção do vinho. Se por algum motivo você não quiser fazer vinho, a bodega compra as uvas”, afirma.
De olho no futuro, Tuite quer construir um hotel boutique que permita vivenciar um dia inteiro na vinícola. «Queremos também criar uma pequena área, relacionada com o crescimento do vinho», acrescenta. Além disso, há dois anos foi iniciado um projeto com características semelhantes em um terreno de sete hectares em Madariaga, Pinamar. “Temos o primeiro terreno e este ano iniciaremos a construção de uma bodega e de um restaurante. Seremos pioneiros nesta área”, afirma.
Em Tuite, cultivar vinho é um trabalho que exige muita paciência. “São projetos de longo prazo e tive que passar por diferentes períodos de questões econômicas ou pessoais, mas o mais interessante é planejar e fazer o que posso. Economizar tempo na Argentina é importante”, afirma. E revela: “Tenho outro sonho que é criar uma nova vinícola na Gamboa Patagônia, estamos analisando as possibilidades”.
*Relatório publicado na Forbes Argentina