JUAN MABROMATA
O caos nas entradas do Hard Rock Stadium, em Miami (Flórida), antes da final da Copa América 2024 entre Argentina e Colômbia, “coroou” uma série de erros de organização e segurança durante o torneio nos Estados Unidos, que daqui a dois anos sediará a Copa do Mundo junto com México e Canadá.
Corridas, empurrões e até a tentativa de invasão de alguns torcedores pelos dutos de ventilação do estádio, segundo vídeos que circulam nas redes sociais, atrasaram em uma hora e 20 minutos o início da partida.
Tudo isso em meio ao desespero de quem tinha ingresso para entrar, como foi o caso da mãe de Alexis Mac Allister, jogador da seleção argentina que teve que correr para ajudá-la quando já se preparava para o aquecimento antes do jogo.
“Alexis teve que sair para que pudéssemos entrar porque ele estava preocupado. Não podíamos entrar. Achei que não haveria jogo porque os jogadores queriam resolver isso”, disse a mãe do meio-campista argentino, Silvana. em uma entrevista.
As imagens também mostraram agentes de segurança e policiais perseguindo pessoas que passavam pelos portões sem ingressos.
Tais cenas se somam às vistas na última quarta-feira no Bank of America Stadium, em Charlotte (Carolina do Norte), quando, após o término da semifinal entre Colômbia e Uruguai, houve uma briga nas arquibancadas em que os próprios jogadores uruguaios acabou se envolvendo. Eles relataram ataques de torcedores colombianos às suas famílias.
“Os jogadores reagiram como qualquer ser humano”, disse o técnico do ‘Celeste’, Marcelo Bielsa. “Se você vê que existe um processo para que o que aconteceu não aconteça, se você vê que existe um processo para que isso seja mitigado, ou seja, uma válvula de escape, e as duas coisas não acontecem e eles estão atacando sua esposa, sua mãe, um bebê, sua irmã, o que você vai fazer?
– Mais tempo para Shakira –
No intervalo após o primeiro tempo da final, a cantora colombiana Shakira fez um show estilo Super Bowl, que estendeu o tempo de descanso para 25 minutos, dez a mais do que o estipulado pelo regulamento.
O show de Shakira gerou polêmica porque, dias antes, quatro treinadores, Lionel Scaloni (Argentina), Marcelo Bielsa (Uruguai), Ricardo Gareca (Chile) e Fernando Batista (Venezuela), foram suspensos por uma rodada e multados em US$ 15 mil. (R$ 81 mil na cotação atual) porque seus times demoraram até dois minutos para sair do vestiário e voltar para o segundo tempo.
“Quando saímos com 16 minutos, fomos multados”, reclamou Batista.
“Quando termina o primeiro tempo não é hora de iniciar o cronômetro de 15 minutos, mas sim de chegar ao vestiário”, defendeu o uruguaio Jorge Fossati, técnico do Peru.
Fosatti afirmou que “em vários estádios daqui [Estados Unidos] o vestiário fica a quase um quilômetro do meio do campo”.
– Campos de futebol americano –
O estado dos campos de vários estádios onde jogam as equipas da NFL, liga de futebol americano, também gerou polémica desde o primeiro dia.
Após a classificação da Argentina para a final, Lionel Messi falou em um torneio complicado, com “campos muito ruins” e “temperaturas muito difíceis” devido ao calor intenso. Por sua vez, o brasileiro Vinícius Júnior reclamou, sem dar detalhes, “da forma como a Conmebol trata as pessoas”.
Scaloni foi o primeiro treinador a criticar os campos de jogo. “É menos ruim termos vencido, mas não podemos jogar futebol neste campo”, disse o comandante albiceleste após a vitória por 2 a 0 sobre o Canadá no jogo de abertura, no Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta (Geórgia).
“Já sabemos há sete meses que vamos jogar aqui e há dois dias mudaram o campo de relva sintética para natural”, questionou o treinador argentino.
Apenas 24 horas depois, Fossati culpou o campo do AT&T Stadium, em Arlington (Texas), pela lesão do capitão peruano Luis Advíncula no jogo contra o Chile.
Néstor Lorenzo também reclamou do gramado do NRG Stadium, em Houston (Texas), sede do jogo entre Colômbia e Paraguai, e chamou a atenção para o tamanho do campo: “As medidas são bastante estreitas”.