Gastos com BPC sobem 37% em dois anos e governo cuida de fraudes
O valor investido pelo governo federal no Benefício de Prestação Continuada (BPC), benefício voltado para idosos de baixa renda e pessoas com deficiência, aumentou 37% nos últimos dois anos. As informações são do Portal UOL.
Em junho de 2022, o valor destinado ao BPC foi de R$ 6,2 bilhões, já atualizado pela inflação. Em junho de 2024, o custo subiu para R$ 8,5 bilhões.
A estimativa é que os gastos com o BPC ultrapassem este ano os R$ 100 bilhões pela primeira vez desde sua implantação, em 1990. As projeções indicam que em 2028 esse valor chegará a R$ 160 bilhões, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, encaminhada pelo Executivo ao Congresso.
O aumento começou na gestão de Jair Bolsonaro (PL), em julho de 2022. Na mesma época, o Auxílio Brasil (sucessor do Bolsa Família no governo Bolsonaro) foi elevado para R$ 600, o que ajudou a aumentar o número de beneficiários.
O crescimento do BPC continuou ao longo do governo Lula (PT), que anunciou recentemente um plano de revisão cadastral para combater fraudes no programa.
pente de dentes finos
A equipe econômica do governo Lula indicou medidas para sanear o BPC. No dia 3 de julho, o ministro da Economia, Fernando Haddad, anunciou uma série de cortes no valor de R$ 25,9 bilhões em despesas – incluindo benefícios sociais, que passarão por uma revisão profunda.
“Eles foram examinados linha por linha do orçamento, para se alinharem aos princípios dos programas sociais que foram criados”, disse Haddad na época. Vale ressaltar que o ministro não indicou quanto será cortado dos benefícios sociais e do BPC especificamente.
A revisão dos benefícios para cerca de 800 mil pessoas, incluindo o BPC, está prevista para o início de agosto. Ela será realizada pelo INSS, responsável por conceder o benefício principalmente às pessoas com deficiência, que necessitam de especialização.
A expectativa é que a revisão do BPC não seja tão simples quanto a do Bolsa Família, já que não há indícios de fraude tão evidentes como os observados no Auxílio Brasil na gestão Bolsonaro.
Além disso, para os beneficiários com deficiência, que representam 55% do total do BPC, as solicitações estão sujeitas a uma avaliação detalhada do INSS, o que representa uma camada adicional de controle em comparação com outros programas sociais.
O que está por trás da ascensão?
O aumento dos custos do BPC é atribuído, sobretudo, ao crescimento do número de beneficiários, que passou de 4,7 milhões em junho de 2022 para 5,9 milhões em junho de 2024 – cerca de 26%.
O envelhecimento da população é um dos fatores relacionados a esse crescimento de beneficiários, assim como o aumento do número de pessoas diagnosticadas com distúrbios do desenvolvimento, como o autismo. Outro ponto importante é a inclusão de idosos imigrantes no programa.
Além disso, a judicialização também contribui para o aumento do acesso – e consequentemente, dos gastos – ao BPC. Mais de 400 mil pessoas que tiveram acesso ao benefício negado pelo INSS conseguiram reverter a decisão na Justiça e agora recebem.
Mudanças no próprio programa também foram relevantes: a partir de 2020, passou a ser autorizado o pagamento de dois benefícios de salário mínimo por família, em vez de apenas um.
Além disso, houve mudança na lista de famílias elegíveis para receber dois BPC’s: antes, apenas grupos com dois idosos tinham acesso ao benefício duplo e, hoje, outras configurações familiares também são eletivas, como família com um idoso e uma pessoa com deficiência. , ou uma combinação de aposentadoria e BPC.
O reajuste no valor do BPC, que equivale a um salário mínimo, também é uma das causas. Sempre que o salário mínimo é reajustado, os gastos com o BPC também crescem proporcionalmente.
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