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Um dia, um membro da minha equipe compareceu a uma reunião online com uma bolsa de gelo no rosto. Assustado, perguntei a ele o que aconteceu. O jovem respondeu que passou a noite pensando no projeto que deveria levar à organização que o contratou. Que, quando acordou no dia seguinte, ainda estava rígido, com aquilo na cabeça, e que havia “travado” os músculos do rosto, o que o fez sentir a famosa dor no nervo trigêmeo. Quando incham, podem enfraquecer uma pessoa.
Estou contando esta história (verdadeira) para mostrar como o estresse afeta nossa saúde física, física e mental. Um exemplo desse especialista é o que chamamos de estresse agudo: ele nos afeta quando algo incomum acontece; por exemplo, quando o empregador anuncia que tem de fornecer trabalho por algumas horas ou dias.
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O estresse crônico, que dura muito tempo, é ainda mais prejudicial à saúde. Vários estudos demonstraram que pode enfraquecer o nosso sistema imunitário – tornando mais difícil a recuperação de doenças – e aumentar o risco de doenças cardiovasculares, problemas digestivos, hipertensão arterial e até depressão. Sem falar nas dores de cabeça, fadiga, dores no corpo porque tendemos a travar os músculos, problemas de sono e até problemas de memória e concentração. Em outras palavras, o estresse pode ser muito debilitante.
O que talvez nem todos saibam é que é impossível livrar-se dele, pois o estresse nada mais é do que a resposta natural do corpo a uma situação perigosa ou ameaçadora. Isso significa que, desde o momento em que os humanos nascem, eles às vezes ficam estressados.
Em pequena escala, o estresse é até produtivo, pois nos ajuda a nos preparar para o “leão” que temos que matar todos os dias. No entanto, vivemos numa era de grande incerteza económica, social e ambiental. Ninguém sabe se acordaremos com uma crise ambiental à nossa porta ou se uma nova epidemia ou recessão nos atingirá.
Nestes tempos que exigem de nós uma grande capacidade de resposta rápida aos desafios que surgem da noite para o dia, podemos acabar com taxas muito elevadas de stress crónico e agudo. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psicologia, nos Estados Unidos, 1 em cada 3 adultos afirma se sentir estressado na maioria dos dias.
Se não é possível retirá-lo da nossa vida para sempre, é possível controlá-lo, aprender a controlá-lo para que ele não nos controle.
No dia 23 de setembro é comemorado o Dia Mundial Antiestresse. Aproveito para apresentar aqui minhas dicas.
1. Invista no jogo – Praticar esportes aeróbicos reduz os níveis de hormônios do estresse, ao mesmo tempo que libera substâncias químicas que podem melhorar nosso bem-estar e nosso humor.
2. Faça meditação – A pesquisa revelou que a prática antiga alivia muito o estresse e a ansiedade.
3. Use sua rede de apoio – Se a depressão ainda o faz sentir-se mal, tente usar uma rede de apoio: amigos, familiares ou parentes com quem você possa confiar. Provavelmente, alguém que você conhece já passou por algo semelhante e pode lhe dar uma perspectiva útil.
4. Procure tratamento – A terapia é uma das ferramentas mais importantes (pode ser qualquer telefone que você quiser), pois vai te ajudar a descobrir o que te causou estresse em sua vida. É importante entender o que faz com que isso aconteça, pois é possível que, com a ajuda da terapia, possamos mudar nossa relação com algo que nos estressa ou até mesmo desistir. É melhor do que ir ao médico tomar um creme calmante, certo?
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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