A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, garantiu que a revisão dos gastos do governo será feita com “inteligência, racionalidade e justiça social”, sem comprometer os programas sociais. Segundo ela, os filtros aplicados ao Bolsa Família já resultaram em uma economia de R$ 12 bilhões com o programa.
Ela lembrou que, em caráter emergencial, o cadastro no Bolsa Família foi facilitado durante a pandemia, mas que, com a melhora da situação, tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico, muitas pessoas conseguiram abrir mão do benefício.
O ministro explicou que, desde a pandemia, o Brasil cresceu, só no ano passado, quase 3%, e que o país apresenta atualmente níveis recordes de emprego e de contratos formais de trabalho. “Isso significa que muita gente que precisava do Bolsa Família não precisa mais”, disse ela nesta quinta-feira (18), no programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“Criamos um filtro e conseguimos, entre aspas, economizar R$ 12 bilhões [com o Bolsa Família]. Não se trata de economizar dinheiro, até porque parte dele foi para outras políticas públicas. Outra parte era resolvermos esse problema do défice fiscal”, acrescentou, garantindo que grande parte deste dinheiro se destinava a substituir políticas públicas que tinham sido abandonadas no governo anterior.
Ela garantiu que não há possibilidade de o governo acabar com o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Simone Tebet reiterou que o governo continuará extremamente cuidadoso com a questão fiscal. “O Brasil não pode gastar mais do que ganha”, afirmou. “Mas, ao mesmo tempo, não se pode gastar menos do que o necessário”, acrescentou ela.
“Não podemos esquecer que o Brasil saiu muito empobrecido da pandemia e que muitas políticas públicas foram abandonadas. Tivemos que substituir muitas políticas públicas em 2023. Foram seis anos sem atualização [o valor da] merenda escolar para nossos filhos. A Farmácia Popular foi totalmente desmantelada. O Minha Casa, Minha Vida ficou quatro anos sem novo contrato para quem ganha até um salário mínimo e meio”, argumentou.
Desafio
Na avaliação da ministra, a tarefa de sua pasta é um grande desafio, em meio a todo esse contexto. “Mas fazemos isso com muita sensibilidade, carinho e amor, sabendo que, por trás desses números, tem gente e gente sofrendo. Há crianças dormindo com fome. Então o que precisamos é de equilíbrio”, disse ela.
“Objetivamente teremos que cortar despesas. Mas vamos cortar gastos com o que realmente sobra. Ainda há muitas fraudes, erros e irregularidades. Por isso, temos de levar a cabo reformas estruturais para podermos ter [recursos] para o que você mais precisa. Onde você mais precisa? Sou professora e sei. Está na educação e na saúde”, disse ela.
Sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra Simone Tebet disse que ele será preservado, mesmo que sejam necessários alguns cortes temporários, contingências ou bloqueios nas obras. “Neste caso, faremos naqueles [obras] que não foram iniciados. Faremos revisões a cada 2 meses e poderemos substituí-las de outra forma. Mas repito, não há sinal de que o PAC, principalmente nas áreas de educação e saúde, será cortado”, garantiu.
EU FAÇO
Sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orienta o orçamento dos recursos públicos, o ministro disse que a expectativa é que ela seja votada entre agosto e setembro, “sem problemas” e que, enquanto isso, “temos outra missão importante, que é a elaboração do orçamento brasileiro, para definir para onde vai cada centavo do orçamento público”.
O prazo para submissão ao Congresso Nacional é 31 de agosto. “É um cálculo matemático que parece simples, mas não é. É uma equação onde receitas menos despesas devem ser iguais a zero. Temos um compromisso com o país, de não gastar mais do que ganhamos”, afirmou.