Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell já havia demonstrado que a redução estava na agenda
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (18) uma redução de 0,50 ponto percentual (pp) na taxa de juros do país, fixando-a na faixa de 4,75% a 5% ao ano. Este é o primeiro corte desde março de 2020.
Embora a decisão já fosse aguardada pelo mercado, uma vez que o presidente do órgão, Jerome Powell, já havia demonstrado que a redução estava em pauta, a magnitude do corte foi o que surpreendeu os especialistas.
“É importante observar que um corte tão agressivo também pode levantar preocupações sobre a inflação futura e a estabilidade financeira no longo prazo”, afirma Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.
Outros pontos a serem considerados são os impactos imediatos da medida, como “uma maior injeção de liquidez nos mercados globais, potencializando ativos de risco, como ações e commodities”, destacou Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
Dos 12 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), 11 votaram a favor da redução de 0,50 p.p., número que incluía Powell. Apenas um membro se manifestou por um corte menor, de 0,25 ponto percentual.
Em nota oficial, o Fomc afirma que a decisão foi tomada “à luz da evolução da inflação e do equilíbrio de riscos”. O comunicado também afirma que o comité “continuará a monitorizar as implicações das informações recebidas para as perspectivas económicas”.
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Além dos impactos globais já destacados, há a situação direta no Brasil: “o cenário externo melhorou significativamente nos últimos 45 dias, o que pode reduzir a necessidade de aumento drástico das taxas de juros por parte do Banco Central do Brasil. é provável que o Banco Central ainda considere aumentar as taxas”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Com o corte, os investidores podem buscar mais riscos, optando por investimentos em economias emergentes como o Brasil. O movimento tende a ser positivo para o real, que vinha sofrendo com a valorização do dólar em meio ao aumento dos juros nos EUA.
No acumulado do ano, o dólar registrou valorização de quase 12% em relação à moeda brasileira. Nas últimas semanas, porém, o dólar começou a perder força devido às expectativas de corte da taxa de juros por parte do Fed, confirmadas na reunião desta quarta-feira.
Por volta das 16h40 desta quarta, o dólar registrava queda de 0,61%, sendo negociado a R$ 5,454.
Para o futuro, o cenário ainda não é certo, mas Cruz acredita que “no próximo ano, a previsão é que a taxa seja reduzida para 3,5%, um nível significativamente inferior ao esperado anteriormente”.
De acordo com o Washington Post, Este corte põe fim a um período de inflação perigosamente elevada e representa uma mudança importante, que deverá trazer alívio às famílias e às empresas.
Além disso, Powell, durante conferência de imprensa, foi questionado sobre o impacto da política monetária no mercado de trabalho e até que ponto o banco central pretende reduzir as taxas nos próximos anos para atingir um nível mais “neutro”.
A previsão de desemprego para este ano foi de 4% para 4,4% e a expectativa de inflação foi de 2,6% para 2,3%. Cruz acredita que o ciclo de ajustamento será “mais longo do que se pensava inicialmente”.
Ele afirma que “o mercado pode começar a questionar se o Fed deveria manter o ritmo de cortes de 0,50% se os dados do desemprego piorarem e a inflação se estabilizar mais rapidamente”.
A decisão também surge num momento crucial, à medida que as eleições presidenciais se aproximam nos Estados Unidos, sendo esperado um novo corte na próxima reunião da Fed, em Novembro.
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