Na última quarta-feira (18) houve uma dupla decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos – o que o mercado costuma chamar de Super Quarta e com temores de recessão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), o Copom americano, cortou os juros. pela primeira vez em 4 anos, em 0,50%, acima das expectativas do mercado – os fundos do Fed ficaram entre 4,75% e 5,00% ao ano.
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No Brasil, o Copom optou por reiniciar o seu ciclo ascendente elevando a taxa referencial Selic em 0,25 por cento – em linha com o que era esperado por analistas de mercado e economistas.
Mas enquanto a Bolsa de Nova York comemora lucro baixo, com alta de cerca de 2%, o Ibovespa se sente tímido – e segue em queda. Aliás, por que isso acontece se o Copom estava alinhado com as expectativas dos economistas?
Copom recebe tom duro
Para Leonardo Costa, economista da ASA, que administra mais de 3 bilhões de dólares, e Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, gestora com mais de 7 bilhões de dólares sob ‘sistema’, o tom da frase foi mais pesado do que o esperado.
“O BC finalmente percebeu o que estava nos olhos de todos, que é uma atividade econômica muito forte e reduziu as expectativas de inflação, o que causou preocupação”, explica Leonardo Costa, da ASA.
Em documento divulgado ontem, o Copom não se comprometeu com o ritmo das mudanças para as próximas reuniões, mas ambos concordaram que está na mesa um aumento de 0,50 p.p. para novembro.
“Aqui ainda temos pontas soltas. Foi um aumento de 0,25 p.p., mas linguagem mais agressiva. Eles mostraram uma estimativa elevada de inflação para 2026. É uma forma de comunicar que está mais que o esperado”, afirma Sobral. Para ele, o BC tem “pouco a ganhar” ao se comprometer com os juros.
Bancos como Merrill Lynch, Itaú BBA e JP Morgan ecoam economistas e projetam que o ciclo Selic terminará no início de 2024 e permanecerá em torno de 12% ao ano até o segundo semestre. Uma grande preocupação continua a ser a previsão da inflação a longo prazo.
Para Costa, a decisão de começar com um aumento moderado de 0,25 p.p. foi uma tentativa de provocar uma leve queda no mercado, que passou a ver uma Selic forte e uma queda no preço depois disso a segunda parte do Produto Interno Bruto (PIB) ) cresce 1,4. %.
Dólar baixo?
Economistas da ASA e da Neo Investimentos não acreditam que a surpresa com a decisão do Fed será capaz de mudar de forma significativa os rumos dos projetos do Copom.
Costa lembra que a maioria dos gestores do BC está preocupada com a queda da inflação no setor de serviços, que volta a acelerar para um patamar muito elevado na janela de médio prazo, o que mostra uma forte oposição ao efeito da política monetária adotada no país . .
O que pode mudar, porém, é a taxa de câmbio. Em qualquer parte do mundo, as baixas taxas de juro reduzem os lucros sustentáveis e levam os investidores a procurar outras opções lucrativas – como o mercado de ações.
No caso dos Estados Unidos, a queda da taxa básica também pode fazer com que dólares migrem para investimentos em países em desenvolvimento, como o Brasil. Com o grande influxo de dinheiro americano, espera-se que a taxa de câmbio alivie.
O mais importante é que tem efeito deflacionário sobre outros produtos, mas pode não ser suficiente para alterar as projeções agressivas da Selic até o início do ano que vem. Leonardo Costa, da ASA, destaca que o efeito do câmbio não está presente nas estimativas atuais – e o mais importante é entender outros documentos do BC sobre a reunião, como ata e Relatório Trimestral de Inflação.
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Sobral, da Neo Investimentos, só acredita em um efeito mais sustentável se o câmbio continuar se valorizando por muito tempo. Até então, são as comunicações oficiais que deveriam governar o poleiro dos economistas.
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