O empresário Talis Gomes estava no centro de uma controvérsia no mundo dos negócios esta semana depois de afirmar, em um post no Instagram qual “Deus me salve de uma CEO mulher” e que quem ocupa esse cargo nas empresas “não aproveita melhor a energia feminina”.
Gomes estreou no empreendedorismo em 2011, quando fundou EasyTaxi, plataforma de transporte de aplicativos. Além disso, ele é o criador de Singu definida como o “Uber da beleza”, que oferece serviços de pedicure, manicure e cabeleireiro em domicílio.
Atualmente, Gomes é presidente e sócio da G4 Educação empresa que faturou R$ 200 milhões em 2023 e também gerou polêmica após um dos sócios afirmar que a empresa “não contrata esquerdistas”.
Tallis acumulou diversos títulos no mundo dos negócios, inclusive foi eleito o empreendedor mais inovador do mundo pelo MIT em 2017 e foi incluído na primeira edição da Forbes Under 30 Brasil.
Entenda a polêmica atual
Tudo começou quando um usuário perguntou: “Se sua esposa fosse CEO de uma grande empresa, vocês dois ficariam noivos?” Esta foi a primeira resposta:
“Deus proíba uma mulher CEO. Com raras exceções, (pessoalmente só conheço 2); Essa mulher passará por um processo de masculinização que invariavelmente colocará minha casa em quarto plano, eu em terceiro plano e meus filhos em segundo plano”, respondeu ela.
Gomes continuou seu texto, dizendo que o estresse e a pressão que uma pessoa no cargo de CEO passa deixa o indivíduo abalado física e emocionalmente. “É preciso ser muito, muito grosso para aguentar”, argumentou o executivo.
O executivo concluiu sua argumentação afirmando que “um homem que consegue sustentar a esposa e não o faz está perdendo o maior benefício da mulher, que é o uso da energia feminina nos lugares certos, no lar e na família. ”
A fala de Tallis Gomes viralizou no mundo dos negócios e foi bastante criticada, principalmente por grandes nomes femininos do mercado, como Luiza Trajano, ex-CEO da rede Magazine Luiza. No LinkedIn, ela citou a contratação da G4 Educação para um curso específico sobre o marketplace do grupo e acrescentou que não concorda “em nada com a posição de um dos sócios da empresa em relação às mulheres”.
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Com a repercussão da postagem, Tallis voltou aos stories do Instagram para responder às críticas. “Minha posição não tem nada a ver com meu julgamento de valor sobre se uma mulher pode ou não ser CEO de uma grande empresa. Falei sobre quem quero ao meu lado como minha esposa. (…) Minha empresa vai faturar R$ 100 milhões de EBITDA este ano e minha CFO é uma mulher. Se eu não acreditasse na capacidade de entrega de uma mulher, deixaria o dinheiro da minha empresa nas mãos de uma?”
Lançou então um desafio para seus seguidores: pediu que encontrassem 1.000 empresas com mais de R$ 100 milhões de EBITDA que tenham uma CEO mulher. “Se você encontrar, pode mandar para mim e o primeiro que enviar e comprovar ganhará um pix de R$ 100 mil”, disse.
Retração
Em nota divulgada pelo G4 Educação, Gomes afirmou que sua intenção “nunca foi menosprezar ou questionar a capacidade ou o papel da mulher, seja no mercado de trabalho ou em qualquer outra esfera da sociedade. Ao longo da minha carreira, tive o privilégio de trabalhar com mulheres incríveis, cuja competência e liderança foram fundamentais para o sucesso das nossas iniciativas. Em especial, destaco meu sócio e CFO da G4 Educação, que desempenha papel essencial no crescimento e desenvolvimento da nossa empresa”.
“Medo do abandono”
Para a psicanalista Ana Lisboa, CEO do Institutoconhecimento Sistéticos e mentora de milhares de mulheres em todo o mundo, a declaração de Tallis reflete um medo profundo do abandono feminino.
“Sua fala demonstra a necessidade de ser prioridade na vida de uma mulher, ao invés de apoiá-la e compartilhar sonhos. Isso faz com que muitas mulheres se sintam sozinhas e até desistam do casamento diante de um comportamento tão infantil”, afirma Ana.
Para o CEO, mesmo que os cargos de gestão sejam mais estressantes, o verdadeiro problema não está no trabalho, mas no ambiente de negócios que não valoriza o bem-estar e a saúde mental de seus colaboradores, sejam homens ou mulheres. “Empresas que abraçam a criatividade e a expansão, unindo energias masculinas e femininas, não prejudicam nenhum dos lados”, finaliza.
O G4, por sua vez, disse que Tallis Gomes errou. “Ele entendeu o erro e pediu desculpas hoje. A G4 Educação não concorda com essa primeira afirmação. Não representa a empresa nem sua trajetória.”
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