Um supermercado em Montebello, Califórnia, em 15 de maio de 2024
Frederico J. BROWN
A possibilidade de redução dos juros nos Estados Unidos durante a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, banco central), em setembro, ganhou força nesta quarta-feira (14), após dados oficiais reportarem queda na inflação em julho.
O Índice de Preços no Consumidor (IPC) caiu 2,9% em termos homólogos em julho, abaixo dos 3% registados em junho, o nível mais baixo desde março de 2021, segundo dados publicados pelo Departamento do Trabalho.
O IPC ficou ligeiramente abaixo da média dos economistas consultados pela Dow Jones, Newswires e The Wall Street Journal.
Contudo, os preços aumentaram 0,2% na comparação mensal com junho, quando foram de 0,1%. Esta tendência corresponde às expectativas dos analistas, de acordo com o consenso do MarketWatch.
A inflação básica – que exclui variações em produtos voláteis como alimentos e energia – foi de 3,2% na comparação anual, também em linha com as expectativas do mercado e com leve queda em relação ao mês anterior (3,3%).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemorou o “progresso” na luta contra a inflação. “Ainda há trabalho a ser feito para reduzir os custos para os trabalhadores norte-americanos, mas fizemos progressos reais, com os salários a subirem mais rapidamente do que os preços nos últimos 17 meses”, disse ele num comunicado.
A diminuição da inflação deve-se sobretudo à queda dos preços dos veículos novos e usados e, em menor medida, do vestuário e dos combustíveis.
Os serviços, excluindo energia, principais impulsionadores da inflação, aumentaram na comparação mensal: 0,3% em julho ante 0,1% em junho. Os maiores aumentos ocorreram em habitação e transportes.
“Os dados imobiliários são um pouco decepcionantes e continuam a ser uma pedra no sapato do Federal Reserve”, disse Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics, em nota.
“O aumento dos preços da habitação parece persistente, mas com uma redução noutros setores, o Fed tem luz verde para reduzir as taxas em 25 pontos” na sua próxima reunião, disse Sweet.
No seu conjunto, a tendência ascendente dos preços indica que o objectivo de longo prazo de 2% anualmente estabelecido pela Reserva Federal poderia ser alcançado.
– Possível redução de taxas –
“Não observámos uma queda repentina dos preços, como seria de esperar no caso de um colapso económico”, destacaram os economistas do HFE numa nota. “Qualquer pessoa que espere ver três cortes nas taxas por parte do Fed não encontrará nada nestes dados que os confirme.”
Os mercados financeiros entraram em pânico em 5 de Agosto devido a um aumento inesperado das taxas por parte do Banco do Japão e aos receios de uma recessão na economia americana, após a divulgação de dados decepcionantes.
A actividade económica nos Estados Unidos mostra sinais claros de abrandamento após quase dois anos de crescimento excepcional, mas até agora não há sinais de uma potencial recessão, apesar de um ligeiro aumento do desemprego no mês passado.
Até agora, a instituição recusou-se a reduzir as taxas de juro, considerando que ainda não dispõe de dados que demonstrem que este objetivo será alcançável e sustentável no longo prazo.
Os Estados Unidos registaram um pico de inflação homóloga de 9,5% em junho de 2022, na sequência da reabertura da economia global na sequência da pandemia de Covid-19.
A Reserva Federal respondeu aumentando as taxas de juro, que subiram para um intervalo entre 5,25% e 5,50%, o seu nível mais elevado desde o início do século.