Ahmed Hasan
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) chamou, esta terça-feira (24), o abandono dos combustíveis fósseis de “fantasia” e prevê que a procura de petróleo continuará a crescer pelo menos até 2050, data simbólica na luta contra as alterações climáticas.
No seu relatório anual sobre as perspectivas para a procura mundial de petróleo, a OPEP prevê um crescimento de 17% entre 2023 e 2050, passando de 102,2 milhões de barris por dia (mbd) para 120,1 mbd.
A organização também reviu significativamente em alta as suas previsões para 2045, prevendo agora uma procura de 118,9 mbd, em comparação com 116 mbd no seu relatório anterior.
“Estas previsões realçam que a fantasia de abandonar gradualmente o petróleo e o gás não está em linha com a realidade”, apontou a organização, liderada pela Arábia Saudita e que critica genericamente as medidas para acelerar a transição energética.
Estas projecções diferem das feitas pela Agência Internacional de Energia (AIE), que prevê um pico na procura de todos os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) no final da actual década, após o qual o consumo deverá diminuir devido aos carros eléctricos e para o crescimento das energias renováveis.
No ano passado, a conferência climática da ONU no Dubai (COP28) concordou em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e triplicar a capacidade de energia renovável até 2030.
O objetivo é alcançar a neutralidade carbónica até 2050, seguindo as recomendações dos especialistas em clima.
A OPEP prevê também que a procura combinada de energia eólica e solar quintuplicará no período de 2023 a 2050. A procura de gás também aumentará, embora em menor grau, e apenas a procura de carvão deverá diminuir, de acordo com o relatório do cartel. previsões.
A evolução da procura de petróleo será impulsionada, segundo a OPEP, por países fora da OCDE, a começar pela Índia, e a partir de 2030 poderá diminuir nos países mais desenvolvidos.
A organização cita, entre os principais fatores que alimentam a demanda por petróleo e energia em geral, o aumento da população mundial, que poderá passar dos 8 bilhões atuais para 9,7 bilhões em 2050.
Por setores económicos, “a procura adicional mais forte durante o período de previsão é esperada nos setores petroquímico, dos transportes rodoviários e da aviação”, aponta o relatório.
Apesar do crescimento dos carros elétricos, a OPEP acredita que os veículos de combustão “devem continuar a dominar o transporte rodoviário”.