Na semana passada (25), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu retomar o ciclo de aumento da taxa básica de juros brasileira, após interromper a redução em junho e mantê-la em 10,50% até a decisão final.
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Há cerca de um mês, o Boletim Focus, que agrega previsões de mercado para os principais indicadores económicos, indicava que a taxa de juro poderia manter-se em 10,50% ao ano pelo menos até ao final de 2024.
O último corte da Selic ocorreu em março. Desde então, indicadores como Produto Interno Bruto (PIB), números do mercado de trabalho e Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) mostram aquecimento econômico com características inflacionárias. Se confirmado, o congelamento da Selic impedirá o BC de cumprir suas metas de inflação.
Então fiquei surpreso. No início de setembro – durante a semana – o Focus apresentou forte deterioração nas expectativas, de 10,50% para 11,25%. E essa estimativa está aumentando. No último relatório divulgado pelo BC, as estimativas apontam agora para 11,50% até o final de 2024.
Até onde vai a Selic?
Antecipar os movimentos das taxas de juros é importante em diversas áreas da vida, pois define a velocidade e o retorno dos investimentos, o custo do crédito para aquisição de produtos ou mercadorias e ainda afeta os empréstimos feitos antes de qualquer alteração feita pelo BC.
Esse é um dos resultados esperados pelo Banco Central – desestimular gastos para estimular a inflação, devido à baixa demanda.
Apesar de combinar as estimativas de uma centena de agentes do mercado financeiro, o Focus não dá uma visão completa de quanto o lucro pode subir, já que seu corte anual é limitado e dificulta. Para a maioria dos principais bancos de investimento do Brasil, as taxas de juros deverão atingir picos em torno de 12% ao ano.
Confira as perspectivas de alguns dos maiores bancos de investimento:
- UBS: 12,25% aa
- Bank of America: 12% ao ano
- Itaú BBA: 12% ao ano
- JP Morgan: 12% ao ano
- Citi: 11,50% ao ano
Por que tem que continuar aumentando?
Parte das estimativas do banco são baseadas em indicadores econômicos que ficaram acima das expectativas e deram sinais de inflação: o PIB brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre, a inflação oficial acumulou 4,24% em 12 meses e a taxa de desemprego atingiu 6,9%.
Porém, este não foi o único dado que combinou estimativas próximas de 12% para a Selic. A posição do Banco Central nas discussões oficiais após a recente decisão do Copom também influenciou a decisão.
A autoridade monetária confirmou que vê vários riscos para travar as expectativas de inflação e destacou que a situação externa, onde o setor global começa a reduzir as taxas de juro, também proporciona incerteza. Além disso, o BC disse que não há expectativa de indicar antecipadamente os próximos passos.
Este som foi descrito como duro, ou “hawkish” em termos económicos, o que indica a possibilidade de lucros elevados a longo prazo. Como resultado, os bancos mudaram rapidamente as suas expectativas.
Bank of America (BofA), Itaú BBA e JP Morgan, que preveem alta de 12% ao ano na primeira reunião do Copom em 2024, esperam o mesmo texto nas próximas reuniões: dois aumentos de 0,50% que ainda estão em vigor em 2024 e a última variação de 0,25 ponto percentual em janeiro.
“Relatório de inflação [divulgado na última terça-feira] foi consistente com o tom da declaração e com a ata que se seguiu à decisão. Segundo o BC, essa situação é caracterizada por emprego apertado, pressão no mercado de trabalho, hiato do produto positivo e aumento das expectativas de inflação, que não eram mais garantidas, exigindo uma política fiscal e mais restritiva”, explica o BofA.
Analistas do Itaú BBA acreditam que os juros poderão permanecer em 12% ao longo do primeiro semestre de 2025. “Isso deverá resultar em desaceleração da economia, além de certa valorização do câmbio, em permitir reduzir o segundo semestre de ano”, explica o banco. . A estimativa dos analistas para o final de 2025 é de Selic em 11%.
Por outro lado, o Citi aceita uma visão optimista em relação às taxas de juro, esperando que a taxa atinja os 11,50% em Janeiro. Segundo eles, a valorização do câmbio – possibilitada pela redução dos juros nos Estados Unidos e pelo aumento da atratividade de outros investimentos no Brasil – terá um papel importante na redução da pressão inflacionária.
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Por outro lado, a uma taxa de 12,25% ao ano, o UBS indica que sua análise ocorreu por causa da área que o Copom ainda vê para o crescimento econômico – o chamado hiato de produtividade. “Nossos modelos sugerem, com as estimativas revisadas do BCB, que serão necessárias taxas de juros mais altas. Então, revisamos o pico do ciclo”, explicam os analistas.
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