Ontem, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, criticou, em seminário interno, uma possível privatização
de empresas estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O assunto ganhou destaque devido ao editorial publicado na primeira página do jornal “Folha de S. Paulo”, que defendia a privatização deste trio de empresas públicas. Mercadante aproveitou para defender um Estado forte e a adoção de medidas fortes para regular (ainda mais) o mercado financeiro.
Por fim, ele aproveitou a oportunidade para criticar o setor privado,
usando exemplos de empresas que passaram recentemente por dificuldades. “Olha a Oi e a Light. Estão falidos ou em recuperação judicial”,
ele afirmou. “E como você explica Lojas Americanas?”
Existem cerca de 22 milhões de CNPJs ativos no país – destes, cerca de 130 mil empresas são consideradas de grande porte pela consultoria Econodata. O facto de Mercadante ter utilizado três exemplos de má gestão não significa que a incompetência seja regra no sector privado.
O que se observa na esfera pública, porém, é uma incapacidade generalizada, especialmente quando a esquerda está no poder. Um exemplo claro é a comparação dos resultados de empresas federais, estaduais e municipais. Essas empresas passaram de um superávit de R$ 6,1 bilhões em 2022 para um preconceito
de R$ 2,3 bilhões em 2023. Entre os dois resultados, há uma distância negativa de R$ 8,4 bilhões.
Há vozes como a de Mercadante no governo, que combatem com todas as forças o conceito de privatização. Por outro lado, há também quem defenda a utilização de capital privado nas concessões. São centenas de rodovias, portos, linhas de transmissão de energia e aeroportos cuja gestão foi entregue ao capital privado durante a gestão petista. Em 2023, por exemplo, foram emitidos 342 contratos de concessão ou parcerias público-privadas. Trata-se de um aumento de quase 20% em relação aos números obtidos em 2022, ainda no governo de JairBolsonaro.
Na prática, existe alguma diferença entre uma privatização e uma concessão? Do ponto de vista técnico, talvez haja alguma discrepância. Mas, no mundo real, os dois processos são quase idênticos. Diante disso, então, o PT
Você é contra ou a favor das privatizações?
Da porta para fora, porta-vozes como Comerciante
encarregar-se de demonizar
a transferência de empresas estatais para as mãos do setor privado. Mas, dentro dos muros, não têm vergonha de transferir o fardo do investimento em infra-estruturas, sejam elas transportes, electricidade ou logística, para os empresários.
Isso seria hipocrisia?
Não parece haver palavra melhor para descrever esse comportamento.