O Brasil perdeu, na manhã desta sexta-feira (26), o renomado xilógrafo e poeta pernambucano Jose Francisco Borges
conhecido como J. Borges
de 88 anos. A informação foi confirmada pelo filho, Pablo. J. Borges
ele estava com problemas cardíacos e pulmonares e ficou hospitalizado por duas semanas. Faleceu em sua casa, na cidade de Bezerros, onde nasceu.
De origem humilde, J. Borges frequentou a escola por pouco tempo, tempo suficiente para aprender a ler e escrever. Quando criança, trabalhou ao lado do pai fabricando e vendendo colheres de pau e também confeccionando brinquedos de madeira. Começou a escrever contos de cordel aos 21 anos. A falta de recursos para financiar a impressão de seus textos o levou a aprender a talhar em madeira, marcando o início de sua carreira como xilogravador.
Seu talento foi rapidamente reconhecido e seus trabalhos ganharam reconhecimento internacional. No Brasil, parte de seu acervo pode ser visto no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro.
Nas redes sociais, diversos artistas prestaram homenagens a J. Borges. Derlon Almeida
expressou seu carinho pelo poeta: “O mestre se foi, mas seu legado continua. Obrigada por tudo que aprendi com suas obras e pela pessoa maravilhosa que ele foi. Adorei visitar seu ateliê em Bezerros. Sempre alegre, conversador, contava histórias hilariantes. Observe seu jeito de esculpir a madeira, personagens, temas, tudo com um estilo muito particular. Um universo criativo que encantou o mundo. E eu. Eternamente grato, J. Borges.”
Em seu perfil no Instagram, a família destacou a importância do xilogravador: “Seu arte
permanecerá no mundo, trazendo alegria ao coração dos seus admiradores. Muito obrigado, Borges, por ter existido, por nos dar todo o seu conhecimento da vida e da arte. Você era único e necessário. Ele foi o responsável pela criação de uma identidade única para a gravura. Seu nome será lembrado pelas próximas gerações. Os céus estão comemorando, como você disse. Chegou a hora de se encontrar com seus amigos.
Nervoso! tive a oportunidade de conversar com Borges na última SP-Arte
, edição comemorativa dos 20 anos da feira. Ele falou sobre como Ariano Suassuna foi um divisor de águas em sua carreira: “Comecei a gravar ilustrando cordel sem ninguém me ensinar porque eu precisava. Cordel com capa só com letras não vende. Falo de amor, de política, de religião e da vida social do povo nordestino, mas foi Ariano Suassuna quem me disse que eu era artista e empresário. Ele disse que eu era o melhor e as pessoas acreditaram em mim. Minha vida mudou depois disso.”