Botafogo e Bahia brigam por vaga nas quartas de final da Copa do Brasil nesta terça-feira (30), às 21h30, no Nilton Santos. Ambas são duas Sociedades de Futebol (SAFs) que nesta temporada estão se destacando com altos investimentos que têm rendido retorno em campo. Atualmente, as duas equipes brigam na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. A equipe carioca está em segundo lugar com 40 pontos, enquanto a equipe baiana está em sétimo com 32.
Fora dos gramados, também acontece o confronto entre os clubes. Recentemente, John Textor, acionista majoritário da SAF Botafogo, levantou uma questão: defende que deveria haver um teto de gastos no futebol brasileiro, pois teme que o Bahia, administrado pelo Grupo City, se torne uma potência invencível no país.
“O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos”, disse Textor ao “ge”.
Analise financeira
Amir Somoggi, especialista em gestão desportiva, não concorda com esta questão. Primeiro, segundo ele, o Botafogo está afundado em prejuízos, por isso o empresário não pode falar em equilíbrio e, apesar do investimento, o Bahia não tem chances de ser imbatível.
“A equipe de Textor está afundada em derrotas. Então, quero dizer, como pode um cara que dirige o clube gastando muito mais do que pode falar em equilíbrio? Esse cara, aliás, teve que ser questionado por que está acumulando tanto prejuízo e aumentando tanto suas dívidas. O Bahia não será campeão, porque o Bahia não é o Manchester City. O Bahia é a 15ª, 16ª força do atual futebol brasileiro. O Fortaleza é muito mais poderoso que o Bahia atualmente, então não há risco do Bahia dominar o cenário. O problema é que o Botafogo, o presidente do Botafogo, está defendendo algo que ele faz da pior forma, que é a falta de controle financeiro”, afirma.
Para finalizar, Amir também explicou por que esse alto investimento no Bahia não é suficiente para sermos um time que vai ganhar tudo nos próximos anos.
“O Bahia nunca será campeão, porque há outras questões. O Bahia é o time que mais viaja junto com o Fortaleza, pois é no Nordeste, o Bahia não tem a torcida que o Flamengo tem, o Bahia não tem o dinheiro do Palmeiras, então o Bahia nunca será campeão no modelo de injeção. recursos, crescerá organicamente para ser campeão, como todos que foram campeões no Brasil. Crescimento orgânico, fortalecimento da gestão e aí você acaba sendo campeão, e não o contrário, esse modelo de gestão não tem mais espaço no futebol brasileiro, tanto que todo mundo que está se sagrando campeão é todo aquele que é bem administrado”, ele disse.
Críticas à CBF
Somoggi ainda critica a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
“A situação da CBF é a razão dessa bagunça que se tornou o futebol brasileiro. Nenhum desses clubes estaria na situação atual se houvesse regulamentação, mas a CBF é incompetente. Os clubes não perceberam que é isso que ela quer, esse desequilíbrio, porque assim ela não precisa se preocupar com nada, como sempre fez. E no final das contas o futebol brasileiro está enlouquecendo, porque o Vasco já perdeu o investidor, o investidor que vinha acomodando as perdas. Vamos ver até quando esse Textor vai jogar, o Botafogo é um brinquedo na mão dele, assim como o Manchester City está nas mãos do Grupo City”, reforçou.
Planejamento da SAF
No Botafogo, um investimento de pelo menos R$ 350 milhões em quatro anos
por 90% das ações do clube-empresa, divididas em quatro contribuições. Os três primeiros, no valor de cerca de R$ 316 milhões, já foram concluídos. Falta o quarto e último, em 2025, no valor de R$ 50 milhões.
Na Bahia, o acordo no final de 2021 garante investimento de R$ 1 bilhão no Tricolor em 15 anos
. Sendo dividido em, no mínimo, R$ 500 milhões para compra de jogadores, R$ 300 milhões para pagamento de dívidas e R$ 200 milhões para infraestrutura, categorias juvenis, capital de giro, entre outros.
Investimentos na prática
Assim, num planejamento de médio e longo prazo, a ideia era que os times se tornassem referência no futebol brasileiro nos próximos anos. Porém, o Botafogo surpreendeu na temporada passada e também faz um bom ano em 2024. O time carioca lutou pelo título do Campeonato Brasileiro até as últimas rodadas – inclusive sofreu uma reviravolta histórica diante do Palmeiras. E neste ano também briga pelo troféu, além de ainda estar na disputa da Copa do Brasil e da Libertadores.
Além disso, é possível perceber o movimento do mercado em busca de players de qualidade, independente do preço. O clube, além de resolver dívidas, investe na contratação de jogadores caros e não se preocupa com a competição. Isto não era possível há dois anos, mas poderia tornar-se um buraco financeiro.
E o Bahia, que subiu da Série B em 2022 e lutou para não cair no ano passado, este ano já fez grandes investimentos para ter uma temporada de mais sucesso. O time baiano contratou Everton Ribeiro, principal aquisição do Tricolor desde a venda da SAF para o Grupo City, além de conseguir reter Cauly, jogador cobiçado, vencendo a disputa com o Palmeiras por Caio Alexandre e fazendo a maior compra da história do futebol. nordeste com Luciano Rodríguez.
Fora de campo, porém, as empresas acumulam prejuízos. Segundo Amir, o Botafogo já acumulou quase R$ 350 milhões e o Bahia cerca de R$ 144 milhões, ambos em dois anos.
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