Copom inicia reunião e deve aumentar Selic agressivamente
Ó Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central)
acontece nesta terça, 30, e quarta, 31. Uma das principais questões é a decisão de aumentar ou não a alíquota Selic.
Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa deverá permanecer inalterada – porém, no futuro, poderá haver um aumento nas taxas de juros para honrar o compromisso fiscal do Governo.
“Atualmente, o inflação
O mercado brasileiro em 12 meses está em 4,23%, quase no topo da meta. Além disso, o câmbio desfavorável e o aumento dos preços da gasolina aumentam o pessimismo. Neste cenário, o mercado vê pouco espaço para corte de custos. tarifas,
precificando um período de manutenção por mais tempo”, explicou Felipe Uchida,
chefe do departamento de análise quantitativa e sócio da Equus Capital.
As taxas de juros deveriam aumentar?
Um aumento futuro na taxa de tarifas
pode ser uma consequência ou alternativa à manutenção do Selic
em 10,5% agora. É improvável, no entanto, que a taxa diminua. Pedro Oliveira
tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, explicou:
“O Brasil tem fatores que pesam mais na manutenção ou no aumento da taxa de juros do que na redução dela. Em primeiro lugar, pelo cenário fiscal; mesmo com a receita subindo 9,08% em termos reais nos últimos 12 meses, ainda temos uma projeção de déficit para 2024 e 2025. Um corte de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025 parece ser insuficiente para cumprir a meta fiscal e o conselho deve exigir isso em sua comunicação.”
O banco Itaú
destacou que “historicamente, o Copom
não reagiu a desvios modestos das projecções relativamente ao objectivo. Em ciclos anteriores, o Banco Central começou a aumentar a taxa de juros quando viu um ciclo de pelo menos 1,00 pp.” – e comentou a “regra do bolso”, em que esse aumento ocorreria “para cada desvio de 0,30 pp da projeção ao longo do horizonte relevante (6 trimestres à frente) em relação à meta.”
Embora, oliveira
pesa também os pontos positivos para um possível equilíbrio do compromisso fiscal: baixas taxas de desemprego históricas e inflação dentro da meta (embora, vale lembrar, esteja no teto).
Influência do dólar
O dólar teve grande valorização no ano e ultrapassou o projetado pelo Copom.
A oscilação e desvalorização do real influenciam diretamente na taxa de inflação.
oliveira
acredita que no cenário de vitória de Trunfo
nas eleições presidenciais dos EUA, haverá um fortalecimento do dólar; más notícias para o real, em geral, num cenário de buraco fiscal. O tesoureiro acredita que “a única forma de o real voltar a se valorizar frente ao dólar é o governo recuperar a credibilidade fiscal”.
Contra a corrente da economia global
A elevação das taxas de juros pode ser ainda mais preocupante quando comparada ao cenário global. Grande parte do mundo prevê uma queda nas taxas de juros – o que pode levar a mais desconfiança no real e no Brasil.
“De um lado temos o mercado financeiro precificando três altas de juros neste ano, levando a Selic para 11,50%, de outro temos o mercado americano precificando três quedas de juros nos EUA para o mesmo período. Deveria o nosso Banco Central aumentar as taxas de juro quando as principais economias do mundo iniciam um ciclo descendente?” disse Pedro.
A inflação deveria aumentar?
Especialistas do Itaú acreditam que a projeção inflacionária deve crescer tanto para 2025 quanto para 2026, embora de forma mais discreta neste último. Mas o aumento dependerá em grande parte da definição da taxa de juro:
“Desde o último Copom,
a expectativa de inflação para 2025 aumentou mais 16 pontos base, para 3,96%, enquanto para 2026 não se alterou (3,60%). […] Esperamos que as projeções de inflação subam de 3,4% para 3,7% em 2025 e de 3,2% para 3,3% em 2026, no cenário de referência. No cenário alternativo, com taxas de juros constantes, o aumento deverá passar de 3,1% para 3,5% em 2025.”