Nos próximos dias, o governo brasileiro começará a remover de 500 a 600 sites de jogos de azar offshore como parte das novas regulamentações para regular os jogos de azar. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) será a responsável por bloquear o acesso a essas plataformas. Esta ação marca a primeira de quatro medidas que o governo pretende implementar nos próximos dias para controlar a atividade das casas de jogo.
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Além de banir outros sites, o governo também vai proibir meios de pagamento para usuários ativos, monitorar crachás e recompensas por meio do CPF e impor regras rígidas à publicidade nas plataformas.
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“O primeiro passo será proibir as apostas ilegais no Brasil. Existem cerca de 500 a 600 sites de apostas que ficarão offline nos próximos dias. O segundo passo é proibir outras formas de pagamento, como cartões do Bolsa Família e cartões de crédito, que não podem ser usados para jogos de azar”, disse Haddad em entrevista à CBN nesta segunda-feira (30).
A terceira fase envolve avaliar o crescimento das apostas e dos ganhos por meio do CPF. A quarta refere-se à regulamentação da publicidade, que, segundo Haddad, “está completamente fora de controle”.
O monitoramento pelo CPF permitirá identificar pessoas que já possam ser viciadas em jogos de azar – com possibilidade de alertar cônjuges e familiares – e que apresentem indícios de abuso de dinheiro em sites de apostas.
Haddad enfatizou que o vício em jogos de azar é hoje considerado um problema de saúde pública no Brasil e lamentou que, a partir de 2018, esses sites ainda funcionem sem controle e sem arrecadação de impostos.
Dinheiro do Bolsa Família para Apostas
Um estudo do Banco Central, divulgado na semana passada, revelou que só no mês de agosto, cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em jogos de azar, via Pix. Isso significa que, de cada cinco pagos pelo governo, um foi direcionado para apostas, gerando mais de R$ 20 bilhões em lucros para empresas do setor. Esse valor equivale a 21% do total repassado pelo governo federal às famílias beneficiadas pelo programa no mesmo período.
A ação do governo ocorre após um grande impacto gerado pelos números do relatório de jogos de azar e seu impacto na economia.
A crescente epidemia de jogos de azar no Brasil foge ao controle dessas empresas como patrocinadoras de times de futebol, da influência de celebridades do setor e do aumento da publicidade na TV. Especialistas ouvidos pela Forbes Brasil mostram que esses números mostram não apenas um possível aumento da desigualdade social, mas também um impacto significativo na saúde mental dos usuários.
O Brasil já é o terceiro maior mercado de jogos de azar do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, segundo a Comscore, empresa de análise de dados.
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Com a proliferação dos casinos online e dos jogos de azar online, o número de pessoas viciadas em jogos de azar no país está a aumentar. Estima-se que dois milhões de brasileiros sofram de transtorno do jogo – um transtorno obsessivo-compulsivo reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), caracterizado por um desejo incontrolável de continuar a jogar, mesmo que enfrentem consequências negativas.
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