Vários edifícios em construção ao entardecer de 6 de setembro de 2024 na cidade chinesa de Xangai
Héctor Retamal
Novas medidas na China para estimular o setor imobiliário, aliviando as restrições à compra de casas nas grandes cidades, fizeram disparar as bolsas da segunda maior economia do mundo nesta segunda-feira (30).
O setor imobiliário e de construção representa há muito tempo mais de 25% do produto interno bruto (PIB) da China.
Mas desde 2020, Pequim reforçou o acesso ao crédito para promotores imobiliários, o que levou gigantes do sector, como Evergrande ou Country Garden, à beira da falência.
As obras inacabadas, o abrandamento económico e a queda dos preços, que desvalorizam o imobiliário, dissuadiram desde então os chineses de investir na construção.
Para estimular o setor, várias megacidades chinesas anunciaram no domingo um alívio nas restrições locais à compra de casas.
Na cidade de Guangzhou, no sul do país, com quase 19 milhões de habitantes, um indivíduo não podia comprar legalmente mais de duas casas para evitar a especulação imobiliária durante os anos de boom.
A partir desta segunda-feira, esta restrição deixará de existir e o mercado imobiliário deixará de estar reservado apenas aos habitantes desta cidade.
A vizinha Shenzhen, com cerca de 18 milhões de habitantes, também adotou medida semelhante, mas apenas nas suas áreas periféricas.
Da mesma forma, a potência económica Xangai, onde vivem quase 25 milhões de pessoas, reduziu o pagamento inicial necessário para comprar uma primeira casa.
As autoridades anunciaram também no domingo uma redução nas taxas hipotecárias para a compra de habitações primárias e secundárias.
O pacote de medidas incentivou os investidores asiáticos, com fortes subidas nas bolsas chinesas.
A Bolsa de Valores de Xangai subiu 8,06%, e a de Shenzhen, segunda maior bolsa de valores da China, 11%. A Bolsa de Valores de Hong Kong, que fechou mais tarde, subiu 2,43%.
Os resultados deram continuidade às expansões da semana passada, na sequência das medidas de estímulo adotadas pelas autoridades chinesas para reverter a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
Yan Yuejin, vice-diretor do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento E-house China, disse à AFP que as medidas respondem às “pressões” do mercado imobiliário.
“Há menos pessoas comprando imóveis hoje em dia”, disse ele. “Se ninguém comprar imóveis, isso afetará o consumo e, consequentemente, o crescimento”, devido ao peso do setor da construção na economia chinesa, disse.