Charly TRIBALLEAU
Trabalhadores imigrantes indocumentados pagaram US$ 96,7 bilhões em impostos nos EUA em 2022 (aproximadamente R$ 504 bilhões na época), segundo estudo divulgado em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais de novembro, nas quais a imigração é um dos temas que geram maior polarização.
Cada milhão de imigrantes indocumentados que residem e trabalham no país contribuiu com 8,9 bilhões de dólares (R$ 46,4 bilhões) para os serviços públicos naquele ano, segundo o Instituto de Tributação e Política Econômica (ITEP).
Em 2022, esse setor, fundamental para o funcionamento de muitos serviços básicos, contribuiu com US$ 59,4 bilhões (R$ 309 bilhões) para os cofres federais e US$ 37,3 bilhões (R$ 194,5 bilhões) para estados e localidades, segundo estudo divulgado nesta terça-feira. (30).
Estima-se que cerca de 11 milhões de trabalhadores indocumentados vivam nos Estados Unidos, muitos deles há décadas. A maioria vem do continente americano e pouco mais de 4 em cada 10 são do México. Quase um quarto vem da Ásia, África, Europa e Ilhas do Pacífico.
A taxa de participação na força de trabalho é mais elevada entre os imigrantes indocumentados do que entre a população nativa. Embora representem apenas 3,4% da população total, os imigrantes representam 4,7% da força de trabalho, segundo o estudo.
Os autores do relatório calculam que se tivessem autorização de trabalho, sua contribuição tributária chegaria a 136,9 bilhões de dólares anuais (R$ 775 bilhões, a preços correntes).
“A conclusão é que, independentemente da situação migratória, todos contribuímos com o pagamento dos nossos impostos”, afirmou, numa nota, Marco Guzmán, coautor do estudo e principal analista político do ITEP, uma organização sem fins lucrativos.
Estes impostos convertem-se em benefícios para as administrações. Mais de um terço do que pagam vai para financiar o sistema de pensões (Segurança Social) e o sistema médico público (Medicare), dos quais estão excluídos os trabalhadores indocumentados.
Nem podem aceder a benefícios que outros contribuintes regulares têm, tais como vantagens fiscais para crianças sob os seus cuidados ou para baixos rendimentos.
Seis estados – Califórnia, Texas, Nova York, Flórida, Illinois e Nova Jersey – arrecadaram, cada um, mais de um bilhão de dólares (R$ 5,2 bilhões em valores de 2022) em impostos de imigrantes indocumentados.
Em 40 estados, os imigrantes indocumentados pagam impostos estaduais e locais mais elevados do que 1% das famílias mais ricas, de acordo com o relatório.
A maioria (46%) são impostos decorrentes de vendas e consumos específicos, 31% correspondem a impostos sobre imóveis e 21% sobre a renda de pessoas físicas ou jurídicas.
Os trabalhadores não têm número de Segurança Social, essencial para trabalhar legalmente no país, mas têm um número de identificação fiscal (ITIN), que lhes permite não só pagar impostos, mas também comprar uma casa ou um carro.
“Este estudo é mais um lembrete de que os imigrantes indocumentados contribuem para as nossas economias e para os serviços públicos partilhados, e que as decisões políticas sobre a imigração nos próximos anos terão consequências significativas para as receitas públicas”, concluiu. o relatório.