Esta semana, a cantora
Alice Caymmi
lançou a edição deluxe do álbum Rainha do Relâmpago
comemorando 10 anos desde o lançamento do álbum original. Paralelamente, Alice também estreou o espetáculo “Rainha dos Raios: A Fúria” no Oficina de Teatro
no Bixiga, em São Paulo, sob a direção de Paulo Borges
. No show, ela interpreta músicas como “Meu Mundo Caiu”, “Princesa”, “Como Vês” e a nova “O Amor (El Amor)”.
Em um relato emocionado, Alice falou sobre sua profunda ligação com o Teatro Oficina e seu fundador,
José Celso Martinez Corrêa
que faleceu no ano passado. Ela contou que, aos 19 anos, assistiu ao espetáculo Bacantes do Oficina, experiência que se tornou uma das principais inspirações para a criação do espetáculo original.
Leia abaixo:
“Lightning Queen: The Fury é a segunda parte da trilogia de destruição. Esta parte se desdobrou em um música
novo, um álbum de luxo e agora vai acontecer em show. Dirigido por Paulo Borges, Rainha dos raios: A fúria terá lugar no Teatro Oficina, casa da poesia de José Celso Martinez Corrêa, um dos maiores diretores e dramaturgos da história do Brasil. Zé perfurou meu coração como uma adaga, e aquela ferida nunca mais se fechou. Assisti Bacantes aos 19 anos e nunca mais voltei a ser o mesmo corpo, a mesma existência. A partir daí, fui um artista: uma mênade. E assim serei até o dia de minha morte. A raiva evoca um acerto de contas final entre uma mulher e todas as injustiças cometidas à presença política do seu corpo no mundo. É o momento do conflito resoluto e da revolução. Não há mais tempo a perder. Não há mais espaço para ataques sofridos. Só há espaço para ataques infligidos. Nada além de mim habita este corpo-fúria, cuspido pela terra num mundo estranho. Não há mais tempo a perder. Não há mais espaço para o opressor em meu corpo. Só há espaço para acerto de contas. O acerto de contas final. Não haverá vitória, apenas sucesso. Certo por certo. O fim da injustiça.
As Fúrias são três seres mitológicos, as três monstruosas filhas de Hades e Perséfone. Eles aparecem no mundo para trazer justiça àqueles que foram prejudicados por outros. Nada mais justo do que convocá-los e jogá-los na direção do opressor. Com eles neste espetáculo, o opressor não terá mais voz, nem pernas, nem força. Meu corpo servirá de canal para a encarnação das três monstruosas divindades e promoverá esse acerto de contas. Eu, Alice, sacrifico minha vida, meu corpo, minha poesia, para fazer nascer a justiça que merecemos em todos nós. Mesmo que isso signifique guerra. A largada foi dada. Não há esconderijo. Não há mais tempo a perder.”
Temporada Teatro Oficina – Rua Jaceguai, 520 / Bela Vista
Nos dias 14, 21 e 28 de agosto, às 20h30
Ingressos: R$ 120 (inteira), R$ 60 (meia), R$ 50 (morador do Bixiga)