A prefeitura de São Paulo, na gestão de Ricardo Nunes (MDB), desrespeita decisões judiciais ao negar o aborto legal. A informação foi revelada por Site do G1 e o canal de TV GloboNews nesta segunda-feira, 26.
Esta não é a primeira vez que a gestão de Nunes se recusa a realizar o procedimento previsto na legislação. Em casos anteriores, a questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, a Câmara Municipal alegou que as recusas eram apenas ‘momentâneas’. Pelo menos três novos casos, porém, voltaram a ocorrer na cidade.
A legislação brasileira autoriza o aborto legal, sem limitação da idade gestacional, em três situações: quando a mulher engravida após ser vítima de violência sexual; quando for confirmada anencefalia fetal; ou quando há risco de vida da mãe.
Em fevereiro de 2024, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo determinou que a prefeitura realizasse procedimentos de aborto legal nas unidades de saúde de referência municipal, após a suspensão desses serviços no Hospital e Maternidade Municipal de Vila Nova Cachoeirinha, no Zona Norte, em dezembro de 2023. Esse hospital era a única unidade do estado que realizava o procedimento em casos de gestações acima de 22 semanas.
Dos três novos casos, porém, o município não cumpriu a determinação, fazendo com que duas mulheres pudessem realizar o aborto legal apenas em unidades do governo estadual. A principal justificação apresentada pelas unidades de saúde para as novas recusas foi uma alegada falta de pessoal especializado.
Ainda segundo o site, outros relatos indicam que algumas mulheres vítimas de violência sexual em SP esperaram mais de um mês para fazer um aborto legal. Em um dos casos investigados, uma vítima foi informada pela equipe médica que seria necessária autorização de um familiar para a realização do procedimento. A vítima tinha mais de 18 anos e foi, em diversos momentos, desencorajada a prosseguir com o processo, que só foi efetivamente realizado em uma unidade estadual.
Em nota no site, a Secretaria Municipal de Saúde informou “que atende demandas de aborto com base em determinação legal e no cumprimento da legislação”, sem comentar as novas recusas reveladas.
Quando o assunto foi levado ao STF, o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes, afirmou que “o magistrado [Alexandre de Moraes] Ele não tem condições de definir melhor o serviço do que o médico.”
Nunes continuou então: “não deixamos de prestar assistência ao aborto legal, não deixamos de fazer. Se o procedimento for legal, será feito aqui. Nem mesmo Alexandre do Moraes está em melhor posição para defini-lo do que o médico que está ali na linha de frente, no dia a dia, com todo o respeito ao nosso ministro Alexandre de Moraes.”