Bombeiros resgatam moradores em barco, no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil, em 12 de maio de 2024
Nélson ALMEIDA
Pela primeira vez, mais da metade da população mundial conta com algum tipo de proteção social, informou nesta quinta-feira (12) a Organização Internacional do Trabalho (OIT), embora o progresso ainda seja lento.
Num novo relatório, a OIT apela em particular aos países mais vulneráveis à crise climática para que aumentem os seus investimentos na proteção social, o que, embora não impeça o aquecimento global, mitiga o seu impacto na população.
Segundo esta organização da ONU, 52,4% da população tinha alguma forma de cobertura social no ano passado, superando os 42,8% em 2015.
“Embora esta seja uma evolução positiva, a dura realidade é que 3,8 mil milhões de pessoas permanecem completamente desprotegidas”, lamenta a OIT.
A organização destacou que a maioria das crianças (76,1%) ainda não tem proteção eficaz.
Se o ritmo actual se mantiver, serão necessários 49 anos para que todos estejam cobertos por pelo menos uma prestação social, o que, segundo a OIT, é demasiado lento.
A agência está especialmente preocupada com os países mais vulneráveis às alterações climáticas, que “representam a ameaça mais grave à justiça social”, afirma o seu diretor-geral, Gilbert Houngbo.
Entre os vinte países mais vulneráveis, incluindo o Haiti, 91,3% da população (364 milhões) não tem nenhum tipo de proteção. Nos 50 países mais expostos às alterações climáticas, 75% da população (2,1 mil milhões de pessoas) está desprotegida.
“Estas diferenças são significativas dado o papel da protecção social na mitigação do impacto das alterações climáticas, ajudando as pessoas e as sociedades a adaptarem-se à nova realidade climática volátil e facilitando uma transição justa para um futuro sustentável”, observou o relatório.
– Desigualdades entre países –
O relatório explica que a protecção social melhora a capacidade da população “para enfrentar os impactos climáticos, proporcionando um nível básico de rendimento e acesso a cuidados de saúde”. Também “contribui para aumentar as capacidades adaptativas, incluindo as das gerações futuras”.
Estas medidas, combinadas com políticas ativas no mercado de trabalho, podem encorajar as pessoas a procurar profissões e práticas económicas mais sustentáveis, destacou a OIT.
O relatório enumera várias opções de cobertura social, tais como a mudança de subsídios dedicados aos combustíveis fósseis para medidas de protecção.
A organização garante que é hora de investir significativamente na proteção social, ao mesmo tempo que critica duas trajetórias muito diferentes no mundo.
O estudo mostra que os países de rendimento elevado estão a aproximar-se da cobertura universal (com uma taxa de 85,9%) e que os países de rendimento médio-alto (71,2%) e de rendimento baixo (32,4%) “avançam rapidamente para reduzir as disparidades”.
No entanto, a taxa de cobertura nos países de baixo rendimento (9,7%) quase não aumentou desde 2015.
A diferença também é clara em relação ao volume do PIB dedicado à proteção social: 16,2% nos países de rendimento elevado versus 0,8% nos países de baixo rendimento.
Estas nações precisam de mais 308,5 mil milhões de dólares (1,73 biliões de reais) por ano para garantir a protecção social básica, afirma a OIT, que pede ajuda internacional para angariar este montante.