Global All Stars desperdiça grande elenco e frustra fãs com favoritismo
Cinco dias após o término Jogos Olímpicos de Paris começou uma nova competição internacional: a Todas as estrelas globais . A nova franquia Corrida de arrancada de RuPaul trouxe um elenco estrelado e grandes expectativas, mas, diferentemente das Olimpíadas, o reality show não consegue engajar seu próprio público, que se sente frustrado com favoritismo e julgamentos questionáveis.
Críticas sobre as escolhas dos jurados já são comuns no fandom de Drag Race, mas ao trazer participantes de diversos países, o peso dos julgamentos polêmicos só aumentou. A perspectiva cultural trouxe mais intensidade às redes sociais, com reações explosivas ao que muitos consideram injustiças.
“É muito triste ver o quanto os julgamentos estão distorcidos da realidade e o quanto estão favorecendo as rainhas das franquias que foram julgadas por RuPaul em detrimento do restante do elenco”, disse. Wender Hastenreiter proprietário do perfil Camponês uma das maiores fanpages de Drag Race do Brasil.
O elenco é um dos melhores já reunidos, com finalistas e favoritos dos fãs das versões internacionais, o que deve ser o maior trunfo da temporada. Mas, em vez de um espetáculo equilibrado, o que temos é um foco exagerado em três participantes que, coincidentemente, têm o inglês como primeira língua e são os únicos que participaram de temporadas em que eles próprios RuPaul apresentado.
Nos últimos anos, o público se tornou especialista em descobrir qual participante levaria a coroa apenas com base na trama desenvolvida ao longo dos episódios e isso se repete aqui. Participante da 5ª temporada e All Stars 2, o americano Alyssa Edwards Já é um carimbo e a sensação que o público tem é que talvez esta temporada tenha sido feita apenas para dar uma coroa a um dos maiores ícones do programa.
Apesar do ar de favoritismo, Alyssa consegue se garantir com suas habilidades. O mesmo não acontece com o australiano Kween Kong e os britânicos Kitty Scott Noel que tiveram desempenho mediano (principalmente nas passarelas), mas ainda são aclamados pelo júri. Isso além de zombar e subestimar outras rainhas internacionais.
Essa diferença de tratamento com o trio que RuPaul já conhecido ficou ainda mais evidente no quinto episódio do reality show, que recebeu a pior avaliação da história de todas as franquias Drag Race no IMDB. A impressão que fica é que, desde o primeiro episódio, o programa já escolheu seus favoritos, saindo da verdadeira competição internacional para disputar o quarto lugar no TOP4 da temporada.
Se levarmos em conta as narrativas exploradas até agora, os participantes que têm maiores chances de chegar à final junto com o trio que vem se destacando são os alemães Testículo de Tessa o “azarão” que construiu uma amizade com Alyssa, e o italiano Nehellenia O contraponto e o “saco de pancadas” de Kitty e Kween.
“A sensação que fica é que o programa tinha uma ideia muito boa, os recursos para executá-lo, mas não souberam adaptar o formato para abraçar a diversidade cultural e as formas de fazer drag que o elenco trazia”, compartilhou Wender .
O mexicano Gala Varo e o brasileiro Miranda Lebrão são alguns dos destaques nos comentários às postagens do reality show, com comentários de todo o mundo chamando de injustas suas posições na competição. Gala teve um ótimo desempenho no programa, mas não parece ser vista pelos jurados. Já Miranda foi eliminada cedo demais e gerou indignação não só no Brasil, mas no mundo todo – que a abraçou como uma das favoritas.
O potencial de mostrar diferentes estilos de drag e performances únicas, vindas de todo o mundo, é desperdiçado em narrativas repetidas, que já cansam quem acompanha a franquia há muito tempo. Em vez de celebrar as nuances de cada país, o programa faz questão de manter uma fórmula padrão, dando preferência àqueles que já se enquadram no padrão de sucesso das versões americanas.
Drag Race de RuPaul: estrelas globais Tinha tudo para ser uma celebração vibrante da diversidade e arrastar a arte pelo mundo, mas acaba tropeçando nos próprios clichês e deixando no público um gosto amargo de “já sei como isso vai acabar”.