Um estudo publicado na revista científica americana célulaesta quinta-feira, 19, revelou que os cães-guaxinim e as civetas estão entre as espécies com maior probabilidade de terem servido de hospedeiros ao SARS-CoV-2, o vírus responsável pela pandemia de Covid-19.
A pesquisa foi liderada pela cientista francesa Florence Débarre, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, e mostrou quais espécies estavam presentes no final de 2019 no mercado de Wuhan, na China, epicentro da pandemia, e quais teriam transmitido o vírus para humanos.
Segundo um comunicado divulgado pelo centro de investigação francês, após realizarem a sequenciação genética de amostras colhidas nas bancas do mercado, os cientistas detetaram a presença simultânea de material genético do vírus SARS-CoV-2 e de alguns animais selvagens no local.
As amostras foram coletadas após o fechamento do local, em 1º de janeiro de 2020, poucos meses antes de o vírus se espalhar pelo mundo.
Entre os animais identificados estão cães-guaxinim e civetas, que já estiveram envolvidos na propagação do vírus SARS em 2002. Ambas as espécies são consideradas pelos cientistas como “facilitando” a passagem do vírus para os humanos.
A técnica utilizada para sequenciar as amostras, segundo o comunicado, é conhecida como metatranscriptômica. O método é uma ferramenta biotecnológica sofisticada, que permite a extração de RNA e a análise da expressão de genes de micróbios, por exemplo.
Essa técnica permitiu aos pesquisadores identificar todo o material genético dos organismos presentes em cada amostra. Estes incluem vírus como SARS-CoV-2, bactérias, plantas, animais ou humanos.
“A análise dos dados de sequenciação permitiu caracterizar a composição genética dos animais presentes no mercado e determinar a sua provável origem geográfica”, refere o comunicado do CNRS.
Paralelamente, os cientistas estudaram os genomas virais dos primeiros pacientes que tiveram Covid-19 para rastrear a possível evolução do vírus.
De acordo com o estudo, cientistas demonstraram que a diversidade genética do vírus presente no mercado se aproximava da diversidade genética dos primeiros casos humanos da pandemia. O resultado obtido pelos pesquisadores corrobora a tese de que a epidemia começou no mercado chinês no final de 2019, confirmando outros estudos que chegaram à mesma conclusão.
A pesquisa também revelou a presença de outros vírus zoonóticos no mercado de Wuhan. Para os pesquisadores, isso revela o risco de novas pandemias ligadas à venda de animais silvestres vivos em cidades com alta densidade demográfica. “Identificar as atividades humanas com maior probabilidade de desencadear novas pandemias é de facto crucial para antecipar e prevenir crises sanitárias”, conclui o instituto francês no seu comunicado.
Nova variante do vírus se espalha na Europa
Detectada pela primeira vez em Berlim no início de junho, espera-se que a variante XEC se torne a próxima cepa dominante da Covid-19.
Atualmente está a espalhar-se “rapidamente” pela Europa, América do Sul e Ásia, e já é responsável por 10% dos casos em agosto na Eslovénia.
XEC é uma subvariante do Ômicron, que surgiu em 2021 e se tornou dominante. Os primeiros dados mostram que é um pouco mais contagioso.
A variante XEC da Covid-19 parece apresentar sintomas semelhantes às anteriores, como febre, dor de garganta, tosse e dores no corpo, além de perda de olfato e apetite.
As vacinas atualizadas ainda não incluem XEC, mas como protegem contra Ômicron, permanecem eficazes e previnem formas graves da doença.
Na França, a dose de reforço é recomendada para pessoas com mais de 65 anos, que moram ou trabalham em contato com idosos, e pacientes com comorbidades, além de profissionais de saúde. A campanha de reforço no país deverá começar no dia 15 de outubro.