Em 2011, as uniões entre pessoas do mesmo sexo foram reconhecidas pela primeira vez pelo Estado brasileiro. Em decisão do Supremo Tribunal Federal, houve mudança no consenso sobre a definição de família no Código Civil, estabelecendo que os casais formados por pessoas do mesmo sexo têm os mesmos direitos previstos na Lei da União Estável que os casais heterossexuais.
A decisão do STF resultou em mais de 76 mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo celebrados no país desde 2013, com recorde em 2022, quando 11.022 uniões foram registradas em cartórios.
Porém, segundo o especialista em Direito de Família Lucas Costa, mesmo com o avanço da comunidade LGBTQIA+, há muito que lutar para que esses casais consigam formalizar a união como “casamento”.
“No início, houve casos em que casais tiveram o pedido de conversão da união estável para o registro civil (casamento) negado. Por isso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou a resolução nº 175, que proibia os cartórios de recusarem o registro desses sindicatos”, diz Lucas.
A oficialização das uniões com registro em cartório estabelece um compromisso jurídico e garante direitos civis entre os casais, como escolha do regime de bens, constituição de bens em família, pensão em caso de separação judicial ou morte, inclusão do companheiro como dependente. o plano de saúde, entre outros.
Segundo o advogado, “o registro em cartório é importante para todo casal que pretende constituir família. Com a oficialização do relacionamento, o processo de adoção de uma criança, por exemplo, pode ser facilitado para famílias estabelecidas”.
Luta na Câmara
O especialista destaca que as uniões entre pessoas do mesmo sexo só são garantidas pela jurisprudência. Para o Estado, pessoas do mesmo sexo têm direito ao casamento, mas isso não está previsto.
“O casamento/união entre pessoas do mesmo sexo não é regulamentado por nenhuma legislação específica, ou seja, não está previsto na Constituição Federal e nem no Código Civil. Essa é uma luta que a comunidade LGBTQIA+ ainda enfrenta”, explica.
Em outubro de 2023, o Projeto de Lei 580/7 foi aprovado pela Comissão de Seguridade Social, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados. O projeto estipula que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é proibido. O texto ainda está em análise por outras comissões.
“O casamento civil é uma forma de formalizar um relacionamento, garantir direitos aos cônjuges e facilitar a comprovação da união perante terceiros. Isso é importante para os direitos sucessórios, por exemplo. milhares de pessoas vivam em relações não reconhecidas pelo Estado”, finaliza o advogado.