Especialista em personal branding e ativista gay com mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, Ale Monteiro é reconhecido por ter trabalhado com celebridades do Brasil e do mundo, entre as quais destaca nomes como Lindsay Lohan, Zac Efrom, Vera Fischer, Denise Fraga, Danielle Winits e até Priscilla Presley, de quem é fã.
No Mês do Orgulho, além de seu trabalho, busca inspirar a comunidade LGBTQIAPN+ na luta contra o preconceito e na busca pelo respeito. Quando criança, passou por dificuldades na escola, onde diz ter sofrido com “atitudes discriminatórias de professores despreparados para lidar com as diferenças”.
“Costumo dizer que a escola é uma trituradora de crianças queer”, diz Ale Monteiro ao iG Queer
. “Se você for você mesmo, fora da norma, seus pais vão ser chamados, e é você quem tem que consultar psicólogo. Não o contrário.”
“Crianças saudáveis precisam ser tratadas para lidar com uma sociedade doente. A escola deveria ensinar o respeito às diferenças, e o educador deve ter sensibilidade para mediar isso”, afirma o influenciador, destacando que, apesar das dificuldades que enfrentou fora, em casa sempre recebeu total apoio, e afirma que foi ensinado a “ buscando a excelência” para combater o preconceito.
“Crescer numa sociedade homofóbica nos deixa cada vez mais com medo. Em casa, fui ensinado a buscar a excelência”, conta Ale, que afirma nunca ter precisado admitir sua sexualidade para a família e que tudo sempre fluiu naturalmente.
“Na verdade, eu não me assumi, apenas permaneci fiel a quem eu sou. E minha família entendeu minha diferença e respeitou, então não aceitei ser desrespeitada na rua”, relata.
“Claro que sempre fui muito bem resolvido, tive os meus problemas, mas nunca fui vítima”, continua o diretor artístico que, pela sua experiência pessoal, não entendeu a necessidade de celebrar datas como a LGBTQIAPN+ Mês do Orgulho, mas que, ao longo de sua carreira, percebeu a importância de compreender e respeitar os direitos humanos e celebrar essas conquistas.
“Durante muito tempo não entendi e até critiquei”, admite. “Depois de muito esclarecimento, percebi que quando se trata de direitos não devemos questioná-los. Quando se trata de sabor não precisamos tolerar, mas sim respeitar. Não quero tolerância, quero respeito. Não quero leis que nos defendam, quero uma sociedade consciente de que ocupamos o mesmo espaço e temos os mesmos direitos.”
Hoje ele diz entender a data como uma forma de homenagear a resistência e a luta de uma comunidade. “Sou um gay orgulhoso e comemorar este dia é mostrar que somos um símbolo de resistência ao longo dos anos. Foi muita luta chegar até aqui e não vamos parar”, afirma.
Para ele, ver a representatividade na mídia – chamada por muitos de “selagem” ou “cultura acordada” – é fundamental para dar referência aos mais jovens, pois ele próprio permaneceu em silêncio por cerca de 30 anos, sentindo-se reprimido pela falta de referências de sentimentos positivos e a imposição de comportamentos que não condiziam com a forma como ele se entendia.
“Você cresce sem referências, só aquelas que são ridicularizadas e estereotipadas. Então você cresce ouvindo: ‘não fale assim’, ‘não sente assim’, ‘não dance assim’, ‘não brinque com isso’, ‘não use isso’… até tirarem tudo de você”, diz. “Fiquei em silêncio por 30 anos, na verdade, nem sabia que poderia. Hoje estou no processo de me entregar. Estou devolvendo a mim mesmo tudo o que me foi tirado.”
Ele dá sua visão sobre a representação em novelas e filmes recentes, destacando a necessidade de papéis mais significativos para a comunidade.
“Embora tenhamos visto alguns avanços na representação LGBTQI+ na mídia, ainda não é suficiente. Muitas vezes, esses personagens são estereotipados ou relegados a papéis secundários. Precisamos de mais histórias que reflitam nossas vidas de maneira autêntica e complexa.”
Ele enfatiza que “a representação na mídia não se trata apenas de inclusão, mas de fornecer referências positivas para as gerações futuras”.
Como profissional, busca levar ao mundo parte dessa visão por meio de seu trabalho, no combate às adversidades com excelência. “Costumo dizer que tudo que faço é pegar a história ou projeto de uma pessoa, embrulhar em ‘papel de presente’, que é a minha arte, e devolver para a pessoa e dizer ‘olha que lindo que é’. Tenho esse dom de ver as coisas mais bonitas e torná-las mais bonitas para quem as vê. Este é o papel de um Diretor Artístico, encapsular uma mensagem e traduzi-la de uma forma que todos entendam”, acrescenta.
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