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Leopatra, a última rainha do Egito, morreu em
30 AC, aos 39 anos . No entanto, o local onde ela foi enterrada permanece um dos maiores enigmas da Antiguidade, pois até hoje ninguém conseguiu localizar o túmulo. É este mistério que o arqueólogo dominicano Kathleen Martinez
vem tentando resolvê-lo há 20 anos e fez progressos significativos. Hoje, é uma das maiores apostas para alcançar esse feito. Vale muito a pena conhecer seu trabalho e, como bônus, estudar um pouco de história.
Aos 18 anos, Cleópatra tornou-se faraó, após a morte de seu pai, Ptolomeu XII. Ela governou o Egito por 21 anos. Diante da ameaça de uma invasão romana, ela formou alianças com o inimigo: primeiro, teve um relacionamento com o ditador Júlio César e teve seu filho,. Depois, ela teve um relacionamento com o general romano Marco Antônio. Em 31 a.C., a marinha romana, liderada por Augusto, atacou o Egito. Para evitar a captura após ser derrotada, reza a lenda – não há provas concretas – que Cleópatra cometeu suicídio com a picada de uma cobra venenosa, após Marco Antônio ter tirado sua vida nos braços.
Muitos arqueólogos pensam que Cleópatra será encontrada em um cemitério real em algum lugar de Alexandria, a capital construída por sua própria família, que agora está no fundo do mar. Kathleen Martínez, no entanto, acredita que o túmulo da última rainha do Egipto se encontra numa cidade próxima chamada Taposiris Magna, no norte do Egipto.
Neste local encontrou diversas estruturas importantes, cerca de 200 moedas, algumas com a imagem de Cleópatra impressa, e uma placa de fundação que comprovam que existia um templo em homenagem a Ísis, deusa que Cleópatra admirava muito e acreditava ser reencarnado. E esse é um dos grandes motivos pelos quais Kathleen acredita que seria o lugar perfeito para a deusa ser enterrada, pois se encaixa perfeitamente na sua história.
Na série documental ‘Tesouros Perdidos do Egito’, ou em português ‘Vale dos Reis: Tesouros do Egito’, disponível no Disney+, Kathleen afirma que Cleópatra teve um motivo muito forte para esconder seu túmulo. “Ela sabia que era o fim do Egito e que era o último capítulo do Egito e sabia que estaria à mercê dos conquistadores”, explica ela. Assim, esconder bem o seu túmulo foi a última estratégia para proteger o seu legado.
“Cleópatra tinha mais medo do anonimato do que da morte. Portanto, ela tentou fazer algo para se tornar um mito. Ela morreu e desapareceu”, acrescentou o arqueólogo.
Nascida na República Dominicana, Kathleen sonhava em ser arqueóloga desde criança, mas seus pais a convenceram a estudar Direito. No final, ela desistiu da carreira de advogada após 20 anos e usou seus conhecimentos de graduação para ajudar a realizar seu sonho e encontrar o túmulo de Cleópatra, que ela diz ser seu gênio e seu herói.
Ao longo da pesquisa, a arqueóloga e sua equipe encontraram túneis subterrâneos, que parecem levar a outro templo e que poderiam abrigar o túmulo da rainha. Ela chegou à conclusão de que parte deste centro religioso estava no fundo do mar, devido a catástrofes e tsunamis que inundaram muitas regiões, como Alexandria. Martínez, junto com sua equipe, realizou o primeiro mergulho em busca de mais evidências e conseguiu. Eles aplainam estruturas feitas do mesmo material encontrado no templo de Taposiris Magna.
Para o mergulho seguinte, que aconteceu em 2023, Kathleen procurou a ajuda de ninguém menos que o Dr. Ballard, responsável por encontrar o Titanic, e ele aceitou. Em
entrevista ao El País
em Bogotá, ela diz que achou que ele nunca responderia, mas em poucos minutos recebeu a notificação: “Ele me disse que tinha 80 anos e que estava pensando em se aposentar, mas que queria que seu epitáfio fosse parecido com o de o oceanógrafo que encontrou o Titanic e também a tumba de Cleópatra”, disse ele ao jornal.
Em Em setembro de 2023, eles submergiram novamente, com 68 mergulhadores profissionais das forças armadas americanas e egípcias, e tiraram as primeiras fotos das estruturas submersas encontradas.
Este mês, Kathleen e sua equipe farão o primeiro
escavações no local – nas duas últimas vezes, só foi permitido mergulhar, não escavar. A expectativa é de novas descobertas e mais evidências para a teoria do arqueólogo dominicano, que se mostrou bastante consistente e forte.
Diz a lenda que Cleópatra disse que nenhum homem encontraria seu túmulo. Será então uma mulher a responsável por desvendar esse mistério? E até uma mulher latino-americana? Sim, estamos ansiosos para conhecer os próximos capítulos desta história envolvente e importante.