Além de “Ainda estou aqui”, dois filmes brasileiros foram premiados no Festival de Cinema de Veneza
A última edição do Festival de Veneza foi um marco para o Brasil. O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, ganhou o prêmio de Melhor Roteiro, e outras duas produções brasileiras também foram premiadas.
O documentário “Alma do Deserto”, de Mônica Taboada-Tapia, venceu o Queer Lion, prêmio destinado a destacar filmes que abordam questões de diversidade sexual e de gênero, promovendo maior visibilidade para obras que exploram temáticas LGBT+. O filme conta a história de Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu, que luta para recuperar seus documentos de identidade perdidos em um incêndio criminoso causado por vizinhos hostis. Sem estes documentos, Georgina não pode exercer direitos civis essenciais, como o direito de voto. A sua jornada de resiliência e coragem visa restaurar a sua identidade e garantir os seus direitos fundamentais na Colômbia. O filme é uma coprodução Brasil-Colômbia.
“Sua vida real [de Georgina Epiayú] foi a semente de uma jornada cinematográfica de oito anos. Não é apenas uma história inspiradora e esperançosa para a comunidade LGBTIQA+ ou para aqueles que se identificam com queerness, mas também nos ajudou a mergulhar no coração de uma parte da comunidade Wayúu que a Colômbia desconhece e que não podemos continuar a ignorar porque apela ao nosso sentido de humanidade. O filme consegue ressoar no espírito de muitas pessoas em diferentes lugares do planeta. Ganhar o ‘Leão Queer’ nos dá uma visibilidade que pode ajudar a gerar mudanças positivas nas crenças de muitas pessoas de diferentes públicos, também por meio da conexão emocional, e esta é uma grande oportunidade”, disse a diretora Mônica Taboada-Tapia. O documentário será lançado nos cinemas brasileiros ainda este ano.

O filme “Manas”, primeiro longa de ficção de Marianna Brennand, recebeu o Prêmio do Diretor no Giornate Degli Autori, premiação que homenageia o cinema independente e de autor. O filme gira em torno de Marcielle, uma menina de 13 anos da Ilha do Marajó (PA), que enfrenta a dura realidade de suas limitadas perspectivas de futuro. Influenciada pela resignação da mãe e pela idealização da irmã ausente, ela decide desafiar a violência que domina a sua família e comunidade. O filme conta com um elenco que inclui Amilli Correa, Fátima Macedo, Rômulo Braga, Dira Paes, Emilly Pantoja, Samira Eloá, Enzo Maia, Gabriel Rodrigues, Ingrid Trigueiro, Clébia Souza, Nena Inoue e Rodrigo Garcia.
“Estou transbordando de felicidade e emoção. Esse prêmio é importante para mim como diretora, para toda a equipe brilhante que fez esse filme, para todas as ‘irmãs’ do Pará, do Brasil e do mundo. E é um prêmio que recebo em nome do nosso cinema brasileiro; representa a nossa força, a nossa verdade, a nossa ousadia e coragem em resistir, assim como a nossa protagonista resiste e reage com coragem”, comemorou Marianna Brennand.